domingo, 14 de fevereiro de 2016

Homilia do 1º Domingo da Quaresma (14.02.16)“Ele venceu a tentação”


PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Conhecimento de Jesus Cristo
            A celebração da Páscoa é o centro da vida da Igreja, tanto no momento celebrativo como na vida de fraternidade. A Quaresma passou por uma mudança do tradicional para um moderno nada espiritual. Antes se acentuava muito o aspecto penitencial perdendo o sentido dessa penitência como preparação para a Páscoa. Esse tempo litúrgico tem um caráter sacramental, pois realiza o que simboliza. O texto da oração da missa, coleta, dá três indicações para a vivência: “Ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa”. O primeiro aspecto é sacramental que não se nota no texto em português. Mas em latim se diz “sacramento da Quaresma”. Não é um sacramento a mais, mas, vivendo bem a Quaresma, poderemos receber os frutos espirituais como recebemos dos sacramentos. Todo o empenho da Quaresma redunda em crescimento da vida cristã. Por isso, a oração da missa dá a primeira indicação: “progredir no conhecimento de Cristo” (Ef 1,17) As penitências são ótimas, mas o importante é crescer no conhecimento de Jesus Cristo. “Conhecendo-O, continua Paulo, sabemos qual é a esperança que o seu chamado encerra, qual é a riqueza da glória da sua herança entre os santos e qual é a extraordinária grandeza do seu poder para nós, os que cremos” (Ef 1,18-19). A piedade popular é bonita, mas, se não conduz ao conhecimento de Cristo Salvador, não sabemos o que celebrar na Páscoa. As tentações de Jesus são uma escola para nós. Se não fosse tentado, não seria o exemplo de como vencer a tentação. Nele fomos tentados, Nele vencemos, diz S. Agostinho.
Corresponder com a vida
            Os evangelhos apresentam três tentações de Jesus. Estas resumem em si todas as tentações possíveis ao ser humano. Se por um lado temos o mal, por outro temos o caminho para vencer a tentação. Este caminho é proposto pela oração da celebração: “Corresponder ao seu amor com uma vida santa”. A vida santa é a vitória sobre a tentação através dos meios usados: viver da Palavra de Deus (Lc 4,4), adorar e servir a Deus e não ao prazer (5); não tentar a Deus (12). Sintetizamos em outros termos do ensinamento de Jesus: desapego e pobreza, pureza de coração e amor, humildade e acolhimento. Ao pão respondemos com a Palavra de Deus; ao prazer respondemos com o amor doação e ao poder, respondemos com a humildade que vence todo orgulho. Vamos atravessar a onda de pecado que invade o mundo, guiados pelo Espírito Santo que conduzia Jesus. A abertura ao Espírito é condição fundamental para atravessar o deserto da Quaresma.                                                                              
Produzir Frutos
            Continuando a oração chegamos à sua conclusão: “Corresponder a seu amor por uma vida santa”. Que santidade é proposta pela espiritualidade pascal? Na oração pós-comunhão rezamos:Dai-nos desejar o pão vivo e verdadeiro e viver de toda palavra que sai de vossa boca”. Jesus é a Palavra Viva encarnada cujas palavras são palavras de vida. Vivendo a Palavra nas obras de caridade, oração e conversão, estamos correspondendo ao espírito proposto para a Quaresma. O fruto será sempre a ressurreição com Cristo. Por isso a Quaresma tem um modo sacramental. A celebração nos une ao futuro: “Celebrando agora o mistério Pascal, nos prepararmos para a Páscoa definitiva” (prefácio). As celebrações não só ritos, mas participação do mistério celebrado. É bom escolher uma penitência, mas é bom também ouvir a Palavra, rezar e participar das celebrações.
Leituras: Deuteronômio 26,4-10; Salmo 90; Romanos 10,8-13;Lucas 4,1-13. 
1.   A Quaresma é preparação para a Páscoa. Ela nos estimula a progredir no conhecimento de Jesus Cristo. A Quaresma tem um aspecto sacramental, realiza o que simboliza. A piedade popular é boa, mas com o conhecimento de Jesus. Foi tentado como nós. Nele somos tentados e Nele vencemos. 
2.   As três tentações de Jesus resumem todas as tentações e são as mesmas que passamos: pão, poder e prazer. Vencemos pela Palavra, pela humildade e pela adoração. Somos conduzidos pelo Espírito como Jesus. 
3.   Corresponder a seu amor por uma vida santa, isto é, viver a Palavra nas obras de caridade, oração e conversão. É bom escolher uma penitência, rezar e participar das celebrações 
Minha doce tentação 
            Não existe uma tentação que seja difícil. Ninguém tem a tentação de pegar um peso na hora do sol quente e subir um morro. Tentação é sempre agradável aos olhos, saborosa e apta para a inteligência, como escreve a Bíblia sobre o pecado de Eva e Adão.
Somos tentados, inclusive Jesus foi. Todas as tentações se resumem no que disse a serpente à mulher: “Sereis iguais a Deus, conhecendo o bem e o mal”, isto é, vocês é que decidem o que é bem e o que é mal.
            As tentações se dirigem a três aspectos fundamentais da pessoa e envolvem tudo o que possa significar recusa de Deus e opção pelo mal: pão, poder e prazer. Vemos no mundo que a ganância, o orgulho e a sensualidade regem todas as atitudes e sedes da pessoa humana. Jesus, com o poder de Messias, Filho de Deus, Senhor do Universo era tentado a viver desse modo. Se formos analisar os problemas do mundo, veremos que estão aí.
            Deus não obriga a nada, oferece o bom caminho e o modo de vencer a tentação, por mais doce que ela seja. A nós compete vencer. Deus disse a Caim: “O pecado está às portas, espreitando-te; mas tu deverás dominá-lo” (Gn 3,7).
            Há três remédios básicos para vencer a tentação. E Jesus os usa: A Palavra de Deus, a humildade (não tentarás o Senhor, teu Deus), e a adoração. A primeira leitura nos traz a profissão de fé do judeu fiel na qual reconheço os resultados da escolha que Deus fez do povo. 
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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