quinta-feira, 6 de agosto de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Felizes os que creram sem ter visto”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
O Ressuscitado dá o Espírito 
 “Houve tarde e houve manhã, primeiro dia” (Gn 1,5). O primeiro dia do recém-nascido mundo (como é bom acreditar em um Criador – tudo se ilumina). No primeiro dia da Ressurreição criou-se um mundo novo a partir do Filho Vivo, quando Deus separou as trevas do mundo da luz do Ressuscitado. “No primeiro dia da criação, o Espírito de Deus pairava sobre as águas para que tivessem vida”. No primeiro dia da semana, repetindo o mesmo gesto de dar a vida que o Pai fizera na criação do primeiro homem (Gn 2,7), Jesus sopra sobre os discípulos dando-lhes não somente um hálito de vida (em hebraico nefesh) que os manterá por toda sua existência, mas o sopro de Deus (Ruah) que lhes dá a participação na vida divina. “Recebei o Espírito Santo” diz Jesus(Jo 20,22). Jesus, se faz presente, aparece aos discípulos com o corpo ressuscitado. Jesus entra no local, estando fechadas as portas. Notemos que essa será a condição do nosso corpo quando ressuscitarmos. É bom ter bem firme na fé católica a união do corpo com a alma. Esse meu corpo vai ressuscitar. O que a morte destrói são as aparências humanas. O corpo ressuscitado apresenta as aparências da alma que temos e somos. Jesus, naquele momento, apresenta-se com seu corpo humano, crucificado, pois Tomé exige, para crer, tocar na marca dos pregos e colocar a mão no lado aberto pela lança. Quer ver e tocar o mesmo corpo. João dá grande importância a esse modo de ser de Jesus: um corpo livre das amarras da natureza humana e conduzido pelo Espírito. O Apocalipse O apresenta como o Senhor: “Eu sou o Primeiro e o Último, Aquele que vive. Estive morto, as agora estou vivo para sempre” (Ap 1,17-18). Ele o Vivo dá o Espírito de Vida.  
Continuando a vida de Jesus 
A liturgia une a ressurreição de Jesus com a vida da comunidade dos vivos pelo Espírito. A oração da missa reza: “que compreendamos melhor o batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos remiu”. A vida nova é continuação da vida de Jesus no povo novo criado na nova aliança do sangue de Cristo. Lucas quer mostrar a continuidade existente entre Jesus e os que creram nele. A profissão de fé de Tomé “Meu Senhor e meu Deus!”, continua na profissão dos seguidores de Jesus. É a máxima profissão. Tomé creu porque viu. Nós professamos a mesma fé porque cremos e assim podemos ver. Essa fé leva os discípulos a continuarem Jesus em sua atividade terrena: “Chegavam a transportar para as praças os doentes, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos a sua sombra tocasse em alguns deles [...] traziam os doentes e pessoas atormentadas por espíritos maus. E todos eram curados” (At 5,15-16). A força do Ressuscitado continua em seus discípulos.  
A nova comunidade 
A nova comunidade vive da fé na pessoa de Jesus Ressuscitado. Por isso Jesus diz a Tomé: “Acreditaste porque me viste? Felizes os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29). Esta bem-aventurança da fé dos discípulos fortalece a esperança da comunidade que continua no mundo fazendo os sinais que Jesus fazia. Seu modo de viver será cada vez mais ressuscitado, quanto mais fizer da vida de Jesus, a sua vida. Quanto mais cremos, mais tocamos, em nossa vida, a presença de Jesus. Essa comunidade reúne-se todos os domingos para celebrar a Ressurreição. O primeiro dia da semana será sempre o momento de professar a fé e acolher a presença do Ressuscitado e manifestá-lo através de sua vida. 

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