Evangelho segundo S. Lucas 11,47-54.
Naquele
tempo, disse o Senhor aos doutores da lei: «Ai de vós, porque edificais os
túmulos dos profetas, quando foram os vossos pais que os mataram. Assim dais
testemunho e aprovação às obras dos vossos pais, porque eles mataram-nos e vós
levantais os monumentos. É por isso que a Sabedoria de Deus disse: ‘Eu lhes
enviarei profetas e apóstolos; e eles hão-de matar uns e perseguir outros’. Mas Deus vai pedir contas a esta geração do sangue de todos os profetas, que
foi derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até ao sangue
de Zacarias, que pereceu entre o altar e o Santuário. Sim, Eu vos digo que se
pedirão contas a esta geração. Ai de vós, doutores da lei, porque tirastes a
chave da ciência: vós não entrastes e impedistes os que queriam entrar!». Quando Jesus saiu dali, os escribas e os fariseus começaram a persegui-l’O
terrivelmente e a provocá-l’O com perguntas sobre muitas coisas, armando-Lhe
ciladas, para O surpreenderem nalguma palavra da sua boca.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Gregório de Nazianzo (330-390),
bispo, doutor da Igreja
3º discurso teológico
Começaram a persegui-Lo terrivelmente e a provocá-Lo
Houve um tempo em que Aquele que agora
desprezas estava acima de ti; em que Aquele que agora é homem era eternamente
perfeito. Ele estava no princípio, sem causa; depois, submeteu-Se às
contingências deste mundo. [...] Fê-lo para te salvar, a ti que O insultas, a ti
que desprezas a Deus só porque Ele tomou a tua natureza grosseira. […]
Ele foi envolvido em panos mas, ao levantar-Se do túmulo,
libertou-Se da sua mortalha. Deitaram-No numa manjedoura, mas foi glorificado
pelos anjos, anunciado por uma estrela, adorado pelos Magos. [...] Teve de fugir
para o Egipto, mas libertou esse país da superstição. Não tinha «forma nem
beleza» (Is 53,2) diante dos seus inimigos, mas para David era «o mais belo dos
filhos dos homens» (Sl 44,3) e resplandeceu no alto da montanha, mais
deslumbrante do que o sol (Mt 17,1ss). Como homem foi baptizado, mas como Deus
apagou os nossos pecados; Ele não precisava de ser purificado, mas quis
santificar as águas. Como homem foi tentado, mas como Deus triunfou, Ele que
«venceu o mundo» (Jo 16,8). [...] Teve fome, mas alimentou milhares, Ele que é
«o pão vivo descido do céu» (Jo 6,48). Teve sede, mas exclamou: «Se alguém tem
sede, que venha a Mim e beba» (Jo 7,37). [...] Conheceu a fadiga, mas é o
repouso de todos os que «andam sobrecarregados e abatidos» (Mt 11,28). [...]
Deixou que Lhe chamassem «samaritano e possesso do demónio» (Jo 8,48), mas é Ele
quem salva o homem que caiu nas mãos dos salteadores (Lc 10,29ss) e afugenta os
demónios. [...] Ora, mas é Ele mesmo quem escuta as orações. [...] Chora, mas é
Ele mesmo que faz cessar as lágrimas. É vendido por preço vil, mas é Ele quem
resgata o mundo e por um grande preço: o seu próprio sangue.
Como
ovelha é conduzido à morte, mas é Ele quem conduz Israel às verdadeiras
pastagens (Ez 34,14), tal como hoje o faz com a terra inteira. Como cordeiro
cala-Se, mas Ele é a Palavra anunciada pela voz daquele que clama no deserto (Mc
1,3). Foi enfermo e ferido; mas é Ele que cura toda a doença e toda a
enfermidade (Mt 9,35). Foi elevado sobre o madeiro e nele foi pregado, mas é Ele
quem nos restaura pela árvore da vida. [...] Morre, mas faz viver e destrói a
morte. Foi sepultado, mas ressuscita e, subindo ao céu, liberta as almas dos
infernos.
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