No dia de Pentecostes, quando Pedro se dirigia ao povo no primeiro anúncio sobre a Ressurreição de Jesus e a ação do Espírito Santo, diziam que estavam sobre o efeito do álcool. Pedro foi claro: “Esses homens não estão ébrios, como pensais: Aliás, são apenas 9 h. Mas é que se realiza a palavra do profeta Joel” (At 2,15). E faz a citação (Jl 3,1-5). Pedro é seguro ao dizer: “Deus ressuscitou Jesus e disso somos testemunhas. Saiba toda casa de Israel, com certeza: Deus constituiu Senhor e Cristo, a esse Jesus que vós crucificastes” (32-36). O anúncio da Ressurreição é um fato que não pode ser contestado. O modo e os detalhes devem ser entendidos dentro do esquema literário. Não a verdade, pois pelos resultados podemos comprovar o acontecimento. Os apóstolos, pelas diversas manifestações que surpreenderam o povo, estavam cheios do Espírito Santo. O resultado da Ressurreição difere dos milagres nos quais Jesus ressuscitou Lázaro, o jovem de Naim e a menina. Estes voltaram à vida e depois morreram. Jesus passa da morte para a glorificação como Senhor do Universo, à direita de Deus, isto é, no mesmo poder e ser do Pai. Jesus não deixou de ter a divindade em sua vida terrena, na qual se manifestava a humanidade. Jesus do universo participou como Homem. Sua Ressurreição interessa a todo o Universo que clamava por libertação do mal, como nos explica Paulo (Rm 8,20-23). Deus não está brincando, mas nos alegrando por termos, por seu intermédio, iniciado um novo tempo. O Mistério Pascal de Cristo purifica toda a atividade humana. Desconhecer a Ressurreição e seus frutos é ir contra o bem do Universo e das pessoas, pois se realizam as palavras de Jesus: “Vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Deus revela o homem ao homem
Jesus não é um rato de laboratório que é estudado por intelectuais. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Ele é a fonte eterna para todos e para tudo. Ele nos coloca diante de nos mesmos para que conheçamos a nossa verdade. A riqueza da pessoa humana não pode ser prejudicada pelos males dos quais Ele já tirou o poder. O Concílio Vaticano II respeita profundamente o ser humano e o convida a promover-se como pessoa na fraternidade para que haja sempre um mundo novo. Vemos as desgraças do mundo atual e sabemos que poderiam ser superadas se não nos deixássemos levar pelo orgulho, pelo egoísmo e pela ganância. Ao descobrir sua dignidade de filho, desenvolve-se a fraternidade. Esta se traduz em gestos de salvação aos sofredores e promoção de todos os seus direitos e obrigações. Revelando o homem ao homem descobre-lhe a glória que lhe está reservada. Os que serviram à humanidade saíram de si e se ganharam. A dignidade da pessoa recebe um incremento em sua consistência pessoal. Isto é sinal da Ressurreição.
Um projeto para o mundo
Restaurando o relacionamento com o Divino, ao mesmo tempo se restaura o coração humano. Quanto mais próximos de Cristo, mais pessoa nos tornamos. Deste modo poderemos realizar a restauração das estruturas sociais para o bem do mundo. Os projetos de um mundo novo dão bons resultados, mas sempre esbarram nos males. Deus nos deu Jesus para que nos conduzisse. Temos aí a parábola do Bom Pastor: “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e elas Me conhecem” (Jo 10,14). Com o mandamento do amor Jesus abre a todos a porta para levar a vida a sua plenitude. Esse é o sentido da Ressurreição para nós. Onde há uma gota de amor existe a Ressurreição em sua totalidade. O mal nos cerca até que Deus seja tudo em todos (1Cor 15,28).
ARTIGO PUBLICADO EM ABRIL DE 2014
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