sobre uma história realmente impressionante
de amor a Cristo e de martírio.
Gregório de Nissa (séc. IV) escreveu sobre a festa que a igreja em seu tempo criou para celebrar a memória dos 40 mártires. Alguns de seus sermões falam desses mártires.
Santo Éfrem da Síria também citou os 40 mártires em seus escritos. Várias desses hinos e poesias foram dedicados aos 40 mártires. Éfrem viveu numa cidade chamada Edessa, cerca de 350 quilômetros ao sul de Sevaste, local onde os 40 foram mortos por amor a Cristo.
No ano 320, milhares de cristãos se espalhavam pelo Império Romano. Apesar de toda perseguição, o número dos cristãos só aumentava. Havia cristãos em todas as esferas da sociedade. Inclusive nas forças armadas, obrigatória para todos os cidadãos do império.
Era comum a religião entre os soldados. Em cada local onde as legiões de soldados romanos se encontrava haviam lugares de culto.
O episódio dos 40 mártires foi um dos mais estranhos da história. A começar pelo fato de um número grande de soldados serem mortos por seus próprios companheiros. Quando o imperador Licínio exigiu que as tropas sacrificassem à sua imagem. Agrícola, governador da região onde estavam os 40 soldados, fez valer a ordem do imperador.
No entanto, 40 dos soldados que estavam ali eram cristãos. Estes, se recusaram oferecer sacrifícios em adoração ao imperador. Segundo o relato de alguns dos Pais da Igreja, um dos 40 disse assim:
– Não vamos sacrificar, pois isso é trair a nossa santa fé.
O governador, calma mas firmemente respondeu:
– Mas, o que vocês falarão aos seus companheiros? Pensem! Somente vocês, de toda a tropa de César, irão desafiá-lo? Pensem! Pensem na vergonha que vocês trarão aos seus companheiros e à sua legião!
Mas, ainda assim, eles permaneceram firmes em sua posição.
Desonrar o nome de nosso Senhor Jesus Cristo é algo mais terrível ainda!
O governou respondeu:
– Vocês estão loucos! Vocês não têm nenhum senhor senão César! Em nome dele eu prometo a promoção para o primeiro de vocês que der um passo à frente e cumprir o seu dever de sacrificar ao imperador!
Após breve pausa, nenhum deles se moveu. Então, Agrícola mudou sua tática:
– Vocês irão perseverar em sua rebelião? Se perseverarem, preparem-se para a tortura, para a prisão e para a morte! Esta é a sua última chance. Vocês irão obedecer ao imperador?
Os soldados mantiveram-se firmes em sua resolução. Outro deles afirmou:
– Nada que você vier a nos oferecer substituirá o que perderíamos no outro mundo. Quanto às ameaças de tortura, prisão e morte, aprendemos a negar o nosso corpo quando o bem-estar de nossa alma está em jogo.
– Açoite-os! gritou Agrícola.
Os próprios companheiros de farda tiveram de prender e açoitar cada um de seus companheiros. Levaram-nos para fora, no frio gelado de Sevaste, tiraram-lhes as roupas e os amarraram em postes. Depois de amarrados, foram chicoteados severamente. Após isso, chicotes com pequenos ganchos de ferro rasgaram suas peles nuas espalhando sangue sobre o gelo.
Em meio ao sangue sobre o branco da neve e aos gemidos de frio e de dor, os soldados que espancaram seus próprios companheiros deixaram o local do açoite sem que nenhum dos 40 soldados cristãos voltasse atrás em sua decisão. Depois de algum tempo, Agrícola ordenou que os 40 fossem presos em sua masmorra.
Depois ordenou que os levassem para a lagoa, do lado de fora. Lá, segundo os escritos dos Pais da Igreja, fazia um frio de cortar as bochechas.
– Vocês ficarão nus, no lago, até decidirem sacrificar aos deuses.
Imediatamente, todos os soldados tiraram suas roupas e correram em direção à lagoa, extremamente gelada, envolta por neve em suas margens. Correndo, alguns dos soldados gritaram:
– Somos soldados do Senhor e não tememos nada. O que é morrer, senão entrar na vida eterna? Cantemos, irmãos!
Perplexo, Agrícola viu seus guardas puxando uma canção e correram para o lago congelado. Chegou a ordenar que colocassem grandes banheiras ao redor do lago. Sua esperança era que os soldados, antes de congelarem, se arrependessem e saíssem de lá para se aquecer e sacrificar ao imperador.
Na manhã seguinte, Agrícola foi avisado de que haviam 40 soldados mortos dentro do lago, e ordenou que seus corpos fossem tirados do gelo e queimados. As cinzas deveriam ser jogadas em um rio que passava ali por perto.
Então, algo inusitado aconteceu. O responsável por jogá-los no fogo percebeu que um deles estava aparentemente vivo e grito:
– Ei, temos um vivo aqui! É Melito! Coitado, ele é apenas um garoto.
Outro soldado disse:
– É um garoto aqui do local. Ei, veja sua mãe lá.
O soldado acenou para a mãe de Melito e pediu que ela se aproximasse. Ao chegar perto, disse para ela:
– Escute-nos, mãe. Leve seu garoto para casa, salve-o. Nós iremos olhar para outro lado.
A mulher, profundamente triste, vendo seu filho aparentemente morto, respondeu repreendendo-os:
– Que conversa é essa? Vocês querem privá-lo de sua coroa? Eu nunca deixaria isso acontecer!
À medida que os corpos dos mortos eram colocados sobre uma espécie de vagão que os levaria para a fogueira, sua mãe fez toda a força para levantá-lo fazendo com que seu filho se juntasse aos demais cristãos.
Chorando muito, a mãe disse:
– Vá, filho. Vá para o fim dessa jornada com seus companheiros a fim de que você não seja o último a se apresentar diante de Deus.
Um dos guardas bateu com as mãos na cabeça, olhou para cima e disse:
– Cristãos! Eu simplesmente não os entendo.
Basílio de Cesareia (séc. IV) foi outro pai da igreja que também narrou e escreveu a respeito dos 40 mártires. Basílio disse ter conhecido alguns homens bastante idosos que foram companheiros dos bravos 40 mártires.
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