Evangelho segundo São Mateus 6,1-6.16-18.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Aliás, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus.
Assim, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita,
para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto,
para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai, que está presente no que é oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa».
Tradução litúrgica da Bíblia
Papa, doutor da Igreja
IV Sermão para a Quaresma, 1-2
(a partir da trad. SC 49 bis, p. 101 rev.)
«Este é o tempo favorável, este é
o dia da salvação» (2Cor 6,2)
É certo que não há período nenhum que não esteja cheio de dons divinos, pois a graça de Deus proporciona-nos, em todo o tempo, o acesso à sua misericórdia. Nesta época, porém, os corações devem ser estimulados ainda com mais ardor ao progresso espiritual, e animados com mais confiança, porque o dia em que fomos resgatados convida-nos a praticar obras espirituais. Deste modo, celebraremos de corpo e alma purificados o mistério que ultrapassa todos os outros: o sacramento da Páscoa do Senhor. Tais mistérios exigem de nós um esforço espiritual sem quebras, a fim de permanecermos sempre sob o olhar de Deus: era assim que a festa da Páscoa devia encontrar-nos. Contudo, são poucos os dotados desta força espiritual; para nós, que nos encontramos no meio das atividades desta vida, devido à fraqueza da carne, o zelo abranda. Por isso, para nos devolver a pureza de alma, o Senhor previu o remédio de um treino de quarenta dias, no decurso dos quais possamos resgatar as nossas faltas com boas obras e consumi-las com santos jejuns. Tenhamos, pois, o cuidado de obedecer ao apóstolo Paulo: «Purificai-vos de toda a mancha da carne e do espírito» (2Cor 7, 1).
Mas que a nossa maneira de viver esteja de acordo com a nossa abstinência. O jejum não consiste apenas na abstenção de alimentos; de nada aproveita subtrair os alimentos ao corpo, se o coração se não desviar da injustiça, se a língua se não abstiver da calúnia. Este é um tempo de suavidade, de paciência, de paz; uma altura em que a alma forte se habitua a perdoar as injustiças, a contar em nada as afrontas, a esquecer as injúrias. Mas que a moderação espiritual não seja triste; que seja santa. Que não se oiça o murmúrio das queixas, porque àqueles que assim vivem nunca faltará o consolo de uma alegria santa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário