sexta-feira, 11 de março de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Tende os sentimentos de Cristo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
De olhos abertos ao Reino
            Jesus, em seu último ministério em Jerusalém, sente a recusa cada vez mais obstinada dos chefes do povo, sacerdotes e anciãos. A parábola que conta, quer mostrar-lhes a gravidade de sua posição. Usa a imagem da vinha, que Lhe é tão cara. A vinha é um dos nomes para dizer povo de Deus.  O pai manda o primeiro filho para a vinha. Ele responde que não vai, mas arrependendo-se vai. Simboliza os últimos da sociedade, os pecadores e prostitutas. Manda o segundo que diz que vai trabalhar, e não vai. Simboliza os chefes do povo que se diziam de Deus, mas não aceitavam Jesus. A explicação de Jesus mostra, ao final, que os pecadores que se convertem entram no Reino e os que recusam Jesus, não entram.  Deus não faz injustiça para com os chefes do povo. Deus chama todos ao Reino. Não exclui ninguém. Contudo, espera a aceitação. Jesus diz aos chefes: ‘Vocês viram a conversão dos pecadores ao ouvirem a pregação de João. Nem isso os levou a crer. É preciso ter olhos abertos para ver as realizações do Reino e para se converter (Mt 21,32). Ninguém passa por Deus sem mudar seu caminho. Que não seja para a recusa! A decisão está no coração e não em palavras vazias de vida. Os judeus diziam que Deus não era justo. O profeta Ezequiel afirma que uma pessoa de bem, quando se desvia e pratica o mal, é condenada. E se um ímpio se arrepende e pratica o bem, é salvo. A justiça de Deus aceita o arrependimento, mas não acolhe o que, mesmo tendo sido bom, faz uma má opção de vida em seu coração. Isso explica a parábola e a explicação de Jesus. Todo arrependido tem o perdão de Deus. Os chefes do povo, fiéis a Deus no passado, no momento recusam a graça. Os pecadores públicos e prostitutas se arrependeram e foram aceitos por Deus. 
Vivei em harmonia
            Há grande harmonia entre o Bom Pastor e as ovelhas. Elas ouvem sua voz e obedecem-lhe docilmente. O Pastor as conduz aos campos da Vida (Jo 10,3). Esta harmonia deve ser espelho para a vida da comunidade. São Paulo quer que seus fiéis pratiquem o Evangelho, centrando a vida cristã na pratica do bom relacionamento feito na humildade, buscando a unidade e no serviço fraterno. O modelo do cristão é Cristo. Para tanto São Paulo insiste que tenham o mesmo sentimento que existe em Cristo (Fl 2,1-11). Neste texto descreve qual é a humildade de Cristo. Esta humildade O faz escravo, humilhando-se até à morte de Cruz. Ele não se apoiou no orgulho. Tinha a vida na humildade. Esta é a razão da glorificação que o Pai lhe concede, fazendo-o Senhor, dando-lhe um Nome que está acima de todo nome, glorificando-o na divindade. A vida cristã, fundada na humildade, gerará a harmonia e na unidade.
Aceitos por Deus
            Deus aceita o coração de cada pessoa que O busca. Não existe para Deus aquela afirmação: “Você não tem mais perdão!”. Nem podemos dizer: “Você está garantido para sempre, mesmo que peque gravemente”. Todos são aceitos por Deus, desde que voltem seus corações para Ele. O pecado não é um beco sem saída. Jesus disse à mulher: “Seus muitos pecados são perdoados, porque muito amou” (Lc 7,47). O pecado é fruto do orgulho. A salvação começa pela humildade de reconhecer a fragilidade e de decidir-se a viver. A maior ignorância é justificar o próprio erro. É como ocultar uma doença grave. Deus não faz distinção de pessoas. Aceita todo aquele que humildemente crê e assume a vida do Reino. Cada Eucaristia é um momento para receber o perdão e aprender a dá-lo.

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