PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
De
olhos abertos ao Reino
Jesus,
em seu último ministério em Jerusalém, sente a recusa cada vez mais obstinada
dos chefes do povo, sacerdotes e anciãos. A parábola que conta, quer
mostrar-lhes a gravidade de sua posição. Usa a imagem da vinha, que Lhe é tão
cara. A vinha é um dos nomes para dizer povo de Deus. O pai manda o primeiro filho para a vinha. Ele
responde que não vai, mas arrependendo-se vai. Simboliza os últimos da
sociedade, os pecadores e prostitutas. Manda o segundo que diz que vai
trabalhar, e não vai. Simboliza os chefes do povo que se diziam de Deus, mas
não aceitavam Jesus. A explicação de Jesus mostra, ao final, que os pecadores
que se convertem entram no Reino e os que recusam Jesus, não entram. Deus não faz injustiça para com os chefes do
povo. Deus chama todos ao Reino. Não exclui ninguém. Contudo, espera a
aceitação. Jesus diz aos chefes: ‘Vocês viram a conversão dos pecadores ao
ouvirem a pregação de João. Nem isso os levou a crer. É preciso ter olhos
abertos para ver as realizações do Reino e para se converter (Mt 21,32). Ninguém passa por Deus sem mudar seu
caminho. Que não seja para a recusa! A decisão está no coração e não em
palavras vazias de vida. Os judeus diziam que Deus não era justo. O profeta
Ezequiel afirma que uma pessoa de bem, quando se desvia e pratica o mal, é
condenada. E se um ímpio se arrepende e pratica o bem, é salvo. A justiça de
Deus aceita o arrependimento, mas não acolhe o que, mesmo tendo sido bom, faz
uma má opção de vida em seu coração. Isso explica a parábola e a explicação de
Jesus. Todo arrependido tem o perdão de Deus. Os chefes do povo, fiéis a Deus
no passado, no momento recusam a graça. Os pecadores públicos e prostitutas se
arrependeram e foram aceitos por Deus.
Vivei
em harmonia
Há
grande harmonia entre o Bom Pastor e as ovelhas. Elas ouvem sua voz e obedecem-lhe
docilmente. O Pastor as conduz aos campos da Vida
(Jo 10,3). Esta harmonia deve ser espelho para a vida da comunidade. São
Paulo quer que seus fiéis pratiquem o Evangelho, centrando a vida cristã na
pratica do bom relacionamento feito na humildade, buscando a unidade e no
serviço fraterno. O modelo do cristão é Cristo. Para tanto São Paulo insiste
que tenham o mesmo sentimento que existe em Cristo (Fl
2,1-11). Neste texto descreve qual é a humildade de Cristo. Esta
humildade O faz escravo, humilhando-se até à morte de Cruz. Ele não se apoiou
no orgulho. Tinha a vida na humildade. Esta é a razão da glorificação que o Pai
lhe concede, fazendo-o Senhor, dando-lhe um Nome que está acima de todo nome,
glorificando-o na divindade. A vida cristã, fundada na humildade, gerará a
harmonia e na unidade.
Aceitos
por Deus
Deus
aceita o coração de cada pessoa que O busca. Não existe para Deus aquela
afirmação: “Você não tem mais perdão!”. Nem podemos dizer: “Você está garantido
para sempre, mesmo que peque gravemente”. Todos são aceitos por Deus, desde que
voltem seus corações para Ele. O pecado não é um beco sem saída. Jesus disse à
mulher: “Seus muitos pecados são perdoados, porque muito amou” (Lc 7,47). O
pecado é fruto do orgulho. A salvação começa pela humildade de reconhecer a
fragilidade e de decidir-se a viver. A maior ignorância é justificar o próprio
erro. É como ocultar uma doença grave. Deus não faz distinção de pessoas.
Aceita todo aquele que humildemente crê e assume a vida do Reino. Cada
Eucaristia é um momento para receber o perdão e aprender a dá-lo.
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