PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
439.
Comunidade que acolhe
A comunidade continua
a presença e a missão de Jesus Cristo. Quer dizer que, tudo o que Cristo fez
por nossa redenção continua presente no mundo através de seus seguidores,
reunidos na Igreja. O Espírito age onde quer, mas temos o caminho normal que é
a Igreja. Esta diz ao mundo que o “Pai nos amou e nos entregou seu Filho para o
perdão de nossos pecados”. O perdão conduz à vida. Um elemento importante do
caminho da redenção é o acolhimento que Jesus faz de nós e que continua a fazer
através da comunidade. Deus nos amou e nos escolheu. Escolhendo, acolhe. Não
queremos forçar as pessoas a seguirem a Cristo. O Espírito move os corações
para que se abram a Cristo. Abrimos as portas de nossa comunidade para que
possam realizar nela seu caminho de encontro com Cristo. O acolhimento abre as
portas para a vida na comunidade. Essa é uma das metas importantes do caminho
da redenção. A vida da comunidade acolhedora propicia a abertura dos corações.
Nossa meta não é converter à Igreja, mas a Cristo que na Igreja continua sua
missão. A purificação dos pecados pela penitência transforma os corações. Mas a
redenção não se dirige somente ao espiritual. Ela está entranhada em toda a
realidade humana. A redenção atinge o homem todo e transfigura todos os valores
humanos para que “cada um se revista do Homem Novo criado segundo Deus, na
justiça e santidade da verdade à imagem de Cristo” (Ef 4,24). Nada que há na
pessoa humana está ausente à redenção. Não se trata de um espiritualismo, mas
da presença do Espírito em todas as coisas, tornando o humano mais humano, por
isso, mas apto a receber o divino.
440.
Comunidade que procura
Seguindo os
passos de seu fundador, a comunidade cristã vai em busca da ovelha perdida, da
doente e da fraca. Não deixa de cuidar das fortes e de envolvê-las também na missão
de Cristo. O que vemos são ovelhas gordas que impedem o crescimento do Reino
por sua preguiça espiritual. Urge revisar o conceito de santidade. Na busca dos
prediletos de Deus e dos pequeninos que Cristo tanto amava, a comunidade exerce
sua missão primeira: “estar com Cristo e ser por Ele enviados a pregar” (Mc
3,14). No diálogo com as realidades do mundo, o cristão é capaz de compreender
as angústias e alegrias do coração humano e apresentar a ele Aquele que pode
preenchê-lo. Uma Igreja que se fecha entre seus sagrados muros não só é
ineficiente, mas prejudicial, pois faz uma caricatura de Cristo que espanta
quem deseja o caminho da verdade e da justiça. O contato com as culturas, com a
religião popular, com os costumes e tradições das mais diversas raças e povos
ensinará à Igreja o melhor caminho para se tomar na evangelização. O sadio
intercâmbio é enriquecedor. A Igreja não pertence a um determinado povo, tempo
ou cultura. Ela é está sempre nascendo “onde dois ou três se reúnem em nome de
Cristo”. Procurar o homem para Cristo, é encontrá-lo em cada pessoa a quem nos
dirigimos.
441.
Comunidade que assume
Queremos
uma Igreja que suje as mãos com o necessitado. Chega já de Igreja de belos e
lustrosos sapatos, que não se mancharam com a cor do povo. Nossos hábitos são
perfeitos, mas o avental de Cristo ao enxugar os pés dos apóstolos pegou a
poeira que se lhes pegara na caminhada. Assumir cada homem e cada mulher é um
desafio que nos leva a vencer o anonimato, como Deus que conhece cada um por
seu nome. Assumir a defesa das pessoas e comprometer-se com suas causas mais
doloridas é um risco. Foi por isso que Cristo se entregou. Não faremos menos se
assumirmos como Ele assumiu os que escolheu.
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