sexta-feira, 2 de outubro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Carregar a Cruz de Cristo”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Condições para seguir Jesus
            Jesus instrui os discípulos, apresentando as condições para seguí-lo. Diz que o seguimento deve ser decidido. Jesus pede que odeie pais, mães, filhos e a própria vida (Lc 14,26). A palavra odiar significa dar preferência, pois o hebraico não tem o verbo preferir. Jesus explica que seguí-lo é  mais importante. Mas não dispensa o amor à família e à vida. Aliás, seguindo Jesus, vamos amar mais a família e cuidar melhor da vida, pois vencemos os pecados que destroem a ambos. Ele que ensina o amor, não vai propor o ódio como razão da vida. Há outra condição para seguí-lo: pegar e carregar a cruz, caminhando atrás dEle. É um grande desafio. Ir atrás dEle não é somente seguir seus passos, mas viver como Ele viveu. Não se trata de sofrimento, mas de vida entregue, por amor, para a redenção do mundo. Estamos com Ele nessa missão. Para fazer isso, diz Jesus, é preciso calcular bem se vamos assumir com toda radicalidade e perseverança. Do contrário vai ser como o rei que saiu para uma guerra e não mediu a força do inimigo. Vai ter que se entregar e negociar a paz. Ou como o outro que começou a construir uma torre e não calculou o quanto iria gastar e não deu conta de continuar. Todo mundo vai debochar dele. É preciso calcular. Do mesmo modo deve agir quem quer seguir Jesus: ver aonde Jesus vai e assumir para valer. Nos tempos atuais sentimos dificuldades de cortar aquilo que impede o seguimento de Jesus, por isso a fé se torna mesquinha e raquítica. Não posso seguir Jesus somente até certo ponto. Não funciona.  Não pode ser meu discípulo diz Jesus (Lc 14,27).
O corpo torna pesada a alma
            Compreendemos, a partir do livro da Sabedoria do Antigo Testamento (9,13-19, esse jogo tão complicado da vida humana e a realidade divina. Como combinar essas duas realidades? Isso é importante para compreendermos a proposta que Jesus faz de seguí-lo. O livro da Sabedoria apresenta uma filosofia que coloca a condição humana como impedimento de nos aproximarmos do desígnio de Deus. O texto é difícil. Não podemos entender todos os textos da Bíblia do mesmo modo. Se pegarmos os textos isolados, não entendemos a Palavra de Deus que é mais que um texto escrito em um tempo determinado. O livro da Sabedoria reflete que o corpo torna pesada a alma e assim não podemos entender as coisas de Deus (Sb 9,15). Mas Deus dá a Sabedoria (em o Novo Testamento ela é Jesus) que torna retos nossos caminhos. Por ela aprendemos o que agrada a Deus e somos salvos (17). Deste modo percebemos que para seguir Jesus temos que pedir a Sabedoria, como reza o salmo: “Dai ao nosso coração sabedoria”. Com a Sabedoria, a fragilidade de nossa vida se torna fortaleza para Deus. Deus escolheu o que é fraco para confundir o que é forte, mas não em Deus.
Mudando as estruturas por dentro
            O desapego que Jesus exige para seguí-lo é o mesmo que realizou quando venceu as tentações do demônio. A proposta de Jesus mexe com as estruturas da sociedade. Nós o entendemos quando lemos a carta de Paulo a Filemon. É um bilhete particular que mostra como Paulo pede que Filemon aceite de volta seu escravo seu escravo fugitivo, Onésimo, não mais como um escravo, mas como irmão querido, na fé, pois Paulo o convertera quando estava na prisão. A escravatura era uma realidade. Paulo não pede que o liberte da escravidão, mas que o faça irmão. Em nosso seguimento de Jesus, teremos que enfrentar as necessidades sociais, mudando os homens em irmãos diante do Senhor.

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