Evangelho segundo S. Lucas 11,5-13.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se algum de vós tiver um amigo, poderá
ter de ir a sua casa à meia-noite, para lhe dizer: ‘Amigo, empresta-me três
pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e não tenho nada para lhe
dar’. Ele poderá responder lá de dentro: ‘Não me incomodes; a porta está
fechada, eu e os meus filhos já nos deitámos; não posso levantar-me para te dar
os pães’. Eu vos digo: Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por
causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa. Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta
e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra, e a quem
bate à porta, abrir-se-á. Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe,
em vez de peixe dar-lhe-á uma serpente? E se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um
escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos,
quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Tomás de Aquino (1225-1274),
teólogo dominicano, doutor da Igreja
Compêndio de teologia
Convém ao homem rezar
Segundo o projecto providencial de Deus, Ele
deu a tudo o que existe o meio de alcançar a sua conclusão como convém à sua
natureza. Os homens também receberam, para obter o que esperam de Deus, um meio
adaptado à condição humana. Esta condição quer que o homem se sirva da oração
para obter de outrem o que espera, sobretudo se aquele a quem se dirige lhe é
superior. É por isso que é recomendado aos homens rezarem para obterem de Deus
aquilo que esperam receber dele. Mas a necessidade de implorar é diferente
conforme se trate de obter algo de um homem ou de Deus.
Quando a
súplica se dirige a um homem, tem de exprimir primeiro o desejo e a necessidade
de quem implora. É preciso também que dobre, até o fazer ceder, o coração
daquele a quem implora. Ora estes elementos não têm lugar na oração feita a
Deus. Ao rezar, não temos de nos preocupar em manifestar os nossos desejos ou as
nossas necessidades a Deus, pois Ele tudo conhece. Assim, o salmista diz ao
Senhor: «Todos os meus desejos estão diante de Ti» (Sl 37,10). E lemos no
Evangelho: «Vosso Pai sabe que tendes necessidade de tudo isso» (Mt 6,8). Não se
trata de dobrar, por palavras humanas, a vontade divina, levando-a a querer o
que não queria, porque está dito no livro dos Números: «Deus não é como um
homem, para mentir, nem filho de Adão, para mudar» (23,19).
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