segunda-feira, 4 de março de 2024

Santa Madre Plácida Veil, Religiosa (+1877), 04 de Março

 Infância

Eulália Vitória Viel, cujo nome religioso era Madre Plácida, nasceu em 26 de setembro de 1815, na família de Hervé Viel, numa localidade chamada Val Vacher, no centro do Val de Sairé, França. Batizada no dia do seu nascimento, Eulália Vitória Jacqueline, chamavam-na costumeiramente de Vitória, em lembrança de uma irmãzinha falecida muito cedo, e que tinha este mesmo prenome. Seus padrinhos eram Jeanne Viel e Jacques Tournaille.
Vitória freqüentava a escola do vilarejo e ajudava seus pais com os trabalhos no campo e em casa. Fez sua Primeira Comunhão antes da idade permitida, pois foi considerada, pelo pároco de Quettehou e pelo abade Lepoitevin de Duranville, apta a receber a Eucaristia. Segundo as próprias palavras de Madre Plácida, este lhe teria dito: “Não sei, querida criança, o que Nosso Senhor lhe pedirá, mas estou persuadido de que Ele tem planos particularíssimos para a sua alma, planos para os quais é preciso, desde agora, preparar você para que possa respondê-los, amando Jesus de todo o seu coração e procurando sempre cumprir Sua adorável vontade.”
A fim de seguir o aprendizado normal das meninas daquela época, seus pais puseram-na para aprender corte e costura junto a uma costureira do burgo, Madame Gilles, onde Vitória permaneceu apenas alguns meses, voltando então para a fazenda da família.
Vitória era uma mocinha muito saudável, robusta, de personalidade agradável, alegre, mas às vezes tímida e um pouco reservada. Durante toda a sua adolescência, ela levou a sério a missão de ensinar o Catecismo às crianças do local, ensinando-lhes também diversas canções.
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Vocação Religiosa
Foi visitando regularmente sua prima, Irmã Maria, religiosa em Tamerville, que Vitória travou conhecimento com Santa Maria Madalena Postel, fundadora das Irmãs das Escolas Cristãs da Misericórdia.
Entrando nesta congregação, Vitória recebeu o hábito em 1º de maio de 1835, recebendo o nome de Irmã Plácida. Foi acolhida calorosamente por Madre Maria Madalena Postel, que lhe disse: “Os anjos portam as cruzes daquelas que cedo começam a servir a Deus.” Inicialmente, Irmã Plácida foi servir nas cozinhas, enquanto a comunidade tentava reconstruir os muros da abadia em ruínas. Ela pronunciou seus votos perpétuos em 21 de setembro de 1838, enquanto a comunidade adotava as regras dos Irmãos das Escolas Cristãs.
As primeiras missões
Logo sua Superiora começou a confiar-lhe inúmeras missões. Em 20 de agosto de 1840, Irmã Plácida foi encarregada de presidir à fundação de uma congregação em La Chapelle-sur-Vire, a fim de acolher os peregrinos de Nossa Senhora da Misericórdia. Ela também lhe permitiu continuar os estudos indispensáveis que a sua infância de trabalhadora não lhe permitiu concluir. Irmã Plácida passou uma temporada também em Avranches, a fim de lá instalar um asilo e uma oficina. Em 1º de janeiro, Irmã Plácida foi eleita assistente da Madre Superiora, que a encarregou do noviciado.
As primeiras buscas
A reconstrução da Abadia de São Salvador foi longa e dispendiosa, ainda mais depois que o campanário, meticulosamente reconstruído, desabou na noite de 24 para 25 de novembro de 1842, durante uma tempestade. Foi preciso que a Madre Superiora empregasse toda a sua energia para que os trabalhos pudessem continuar, sobretudo porque começou a faltar dinheiro. Foi então que ela decidiu enviar Irmã Plácida para pedir subsídios, dizendo-lhe: “Deus quer que nosso pobre Instituto se propague, mas Ele quer que a igreja seja refeita. Para isso, é preciso que trabalhemos incessantemente, e o dinheiro não faltará enquanto ela não estiver acabada: você pedirá, e Ele vai providenciar. Aqui está uma carta endereçada à *Rainha dos Franceses, parta rumo a Paris.” 
Maria Amélia, Rainha dos Franceses
Irmã Plácida foi, então, a Coutances, acompanhada da Irmã Xavier, a fim de obter a autorização do bispo local. Depois, partiu rumo a Paris. Assim, ela precisou fazer diversas viagens, entre janeiro de 1844 e junho de 1846. Foi nesta ocasião que ela se encontrou com a Rainha Maria Amélia.
Irmã Plácida viajou também pela Bretanha, passando por Rennes, Nantes, Saint-Brieuc, no final da primavera de 1845. Tostão a tostão, após longas peregrinações entre ministérios e administrações, as religiosas conseguiram finalmente obter fundos para a reconstrução de sua abadia.
Vitral representando Madre Plácida 
Madre Superiora                           Em 16 de julho de 1846, a Madre Superiora, Maria Madalena Postel, faleceu. Em 5 de setembro daquele ano Irmã Plácida foi eleita a nova Superiora. Sua eleição foi praticamente unânime, contando menos dois votos apenas1. Madre Plácida assumiu uma dupla tarefa: administrar material e moralmente a abadia, e angariar fundos para a reconstrução da mesma. Retomou suas viagens e nomeou Irmã Maria sua suplente, representando-a à frente do mosteiro e assegurando sua coordenação, enquanto ela estivesse ausente.
Viagens longínquas
Partindo de Paris, em 14 de setembro de 1849, Madre Plácida chegou a Viena quatro dias mais tarde, após passar por diversas cidades, como Bruxelas (Bélgica), Colônia, Berlim e Breslau (Alemanha). Em Viena, ela foi recebida pela baronesa de Pongrâce e visitou o vigário geral do arcebispo. Em 19 de setembro, chegou ao castelo de Froshsdorf, onde foi recebida por Henrique V e sua esposa, Maria Teresa. No caminho de volta, Madre Plácida foi a Potsdam, onde obteve uma audiência com o rei da Prússia, Frederico Guilherme, que também lhe fez uma doação2.
Fundações
A exemplo da fundadora do Instituto, Madre Plácida lutou para aumentar o número de vocacionadas em sua congregação, dando às suas “filhas” uma sólida formação espiritual.
Mais de 110 instituições foram criadas, das quais a mais importante foi a da Casa do Coração Santo de Maria, em Paris. Este estabelecimento, que tinha por vocação assegurar a educação de adolescentes oriundas das camadas mais populares, foi confiado à Irmã Elísia. Se o começo foi difícil, o estabelecimento, com o passar do tempo, floresceu. Cinqüenta moças foram acolhidas em 1848; em 1870, já eram quinhentas. Em 1862, outra casa foi fundada na Alemanha.
Durante a Guerra Franco-Alemã de 1870
Em seguida à capitulação da França na batalha de Sedan, e do êxodo da população civil, a abadia de São Salvador viu chegarem as Irmãs que estavam nos territórios invadidos, mas também soldados feridos e moribundos. Durante o inverno de 1870-1871, a abadia foi transformada em hospital, onde as Irmãs se desdobravam incansavelmente para tratar e confortar os feridos, um total de 8.317 pessoas.
Abadia São Salvador atualmente (2007).
A reconstrução da Abadia
Em 1846, quando Madre Maria Madalena Postel faleceu, os muros da abadia estavam praticamente reconstruídos. Três anos depois, o coro estava pronto. Em 10 de agosto de 1855, foi possível transferir o corpo da fundadora para a Capela da Cruz, à esquerda do transepto, onde um túmulo havia sido preparado nesta intenção.
Pouco tempo depois, em 21 de novembro, o Abade Delamare abençoou a igreja, abrindo-a ao culto, e foi este mesmo abade, já sagrado bispo de Luçon, que consagrou solenemente a igreja da abadia, na presença do bispo de Coutances.
Foram necessários mais de doze anos para que a restauração fosse terminada, graças à tenacidade de Madre Maria Madalena Postel e, posteriormente, de Madre Plácida.
Fim da vida
Madre Plácida Viel faleceu em 4 de março de 1877. A congregação contava, então, 1.100 religiosas e 104 escolas. Foi beatificada em 6 de maio de 1951, pelo Papa Pio XII, sendo a sua festa fixada em 4 de março.
Citações
«Eu gostaria de ter uma casa repleta de crianças, na qual o Bom Deus fosse servido.»
A respeito de suas buscas: «Eu ia sem temores, tendo a mais inteira fé nas palavras de minha Superiora e persuadida de que eu cumpria a obra de Deus.»
«Se Jesus diz a um coração impaciente : tenha paciência, ele terá ; se Ele diz a um coração frio e pouco caridoso : seja ardente e caridoso, ele o será; se Ele diz a um coração cheio de amor pelo mundo: desapegue-se, logo este coração estará transformado. Como é grande e poderoso Aquele que opera tantas maravilhas ! »
   Notas
1. O seu voto e, sem dúvida, o de sua prima, Irmã Maria, que havia sido a primeira assistente da fundadora. 
2.  Enormes dificuldades jurídicas se impuseram em 1847, desafiando o reconhecimento legal do Instituto e ameaçando aniquilar a obra de Madre Maria Madalena Postel. Foi para obter apoios ou para, como fazia antes, recuperar subsídios, que Madre Plácida empreendeu esta longa viagem ao estrangeiro? A razão permanece desconhecida (Cf R.Dorey, pároco de Barfleur).
Fontes :
La Douceur victorieuse, Placide Viel - André Merlaud - Éditions Sos - 01/1977
Monographie sur Placide Viel - 1988 - R.Dorey, curé de Barfleur - (disponible à l'abbaye Saint-Sauveur)

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