A liturgia da Palavra deste domingo traz a experiência
da dor. Não queremos milagres, mas alguns casos nos mostram que Deus se faz
presente a todos. Jesus veio para nos trazer uma mensagem do Pai: Deus ama
todos e quer que todos estejam bem e se salvem. Deus não quer a dor. Mas esta
existe. “Nessa ressurreição do jovem, filho da viúva, Jesus oferece um sinal de
sua disponibilidade de libertar o homem de tudo o que o faz sofrer e que
transforma a existência humana em um drama sem saída” (V.
Pasquetto). As pessoas têm
dificuldade de entender a morte, a dor e as situações de sofrimentos da vida.
Tudo isso não deveria existir. A morte do filho desta viúva a deixa totalmente
desamparada, sem afeto, sem sustento e sem futuro. Se por um lado há uma
situação profundamente humana, há por outro, uma salvação. Jesus se faz o
defensor da viúva sofredora. Mais que ressuscitar o morto, Jesus tem compaixão
da viúva. É o mesmo caso da viúva que atendia o profeta Elias. Notemos que o
sofrimento não é para pagar pecados, como diz a viúva de Sarepta. Eles podem
ser consequências de nossos pecados, mas não uma cobrança. Os males podem
provir da fragilidade da natureza humana. Somos assim. Se existem sofrimentos e
morte, compete a nós elevar essas condições humanas a um modo de vivê-las em
Deus. Jesus já venceu todos os males. Venceremos se formos capazes em ver Deus,
não por trás destes males, mas junto conosco nos males que sofremos. Fé sem
sensibilidade, não pode se chamar de cristã, pois Jesus se comoveu com a dor da
viúva. É comum ver em igrejas e movimentos eclesiais a procura de milagres como
que obrigando Deus fazê-los porque rezamos pedindo. A busca de milagres nem
sempre é busca de Deus, mas de si mesmo. Jesus cita a Palavra de Deus: “Não
tentarás o Senhor teu Deus” (Dt 6,6 –Mt 4,7). A dor se vive na fé. A dor se une aos sofrimentos de Cristo pela
redenção do mundo (Cl 1,24).
Anunciar com critérios divinos
Em Jesus, Deus visitou seu povo (Lc
7,16). Nossa pregação será
consistente quando dermos testemunho de compaixão pelos necessitados. Compaixão
não é dó, pois esta não resolve nada. Lembramos a parábola do Bom Samaritano. Sentiu
compaixão, tomou atitude e resolveu. A ternura não é fragilidade, mas atitude
forte de fazer de si mesmo como que o seio de Deus que se estremece de
compaixão. Esta compaixão é o motivo da encarnação: “Graças ao misericordioso
coração de nosso Deus, pelo qual nos visita o Astro (Messias) que vem do alto” (Lc
1,78). Seremos julgados pelas
atitudes de misericórdia que tivermos para com os famintos, sedentos, doentes,
prisioneiros, migrantes. Sendo atitudes movidas por Deus, se referem a Jesus,
que está em cada sofredor e pequenino.
Uma missão de dar vida
O
milagre de Jesus nos ensina que a Ressurreição não é só fato, mas é um modo de
vida. Anunciamos o Evangelho dando vida às pessoas. Jesus, vendo a viúva sentiu
compaixão. O egocentrismo que vivemos nos ensina que os outros devem cuidar de
nós inclusive Deus e não nós dos outros. A compaixão unida à misericórdia é um
dos nomes de Deus. Nossas celebrações talvez sejam frias porque não cultivamos
o sentimento da compaixão que Jesus teve conosco para nos salvar. Nosso
encontro com as pessoas devem sempre lembrar uma visita de Deus que enxuga as
lágrimas de todos os olhos. Jesus quer continuar sua missão de misericórdia
para com os sofredores.
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