quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Somos Igreja”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
546. Corresponsabilide batismal
            Celebramos a festa de Pedro e Paulo. Estes dois apóstolos são colunas da Igreja. São dois homens, duas espadas afiadas, que puderam abrir tantos corações para Cristo. São dois tipos diferentes, mas que se bateram pela mesma missão, e bateram-se entre si (Gl 2,11.14), para purificar o caminho da fé. Souberam trabalhar juntos, mesmo sendo diferentes, como diz Paulo: “Estenderam a mão, a mim e a Barnabé” (Gl 2,9). No grupo apostólico temos, em Tiago, outra grande figura. Homem de fé. Era conservador, mas sábio. Soube discernir o bem da Igreja. Estes homens usaram seus dons pessoais, apesar de seus defeitos. Não podemos querer uma Igreja sem defeitos, pois é também humana. A vida cristã tem o suporte humano. Jesus reza: “Não peço que os tire do mundo, mas que os salve do maligno” (Jo 17,15). Jesus é Homem-Deus. Tudo de homem, tudo de Deus! Por isso, assumir o batismo é colocar-se a serviço dos outros com nossos dons humanos. Procurar desonvolver as virtudes espirituais, sem crescer humanamente, não só é um prejuizo, como falta de senso. Os dons humanos são santificados pelo Espírito que habita em nós. Os santos souberam usar o próprio “jeito” de ser, a serviço do Evangelho. Neste “jeito” estão presentes nosso temperamento, nossas paixões (se domesticadas, são de enorme valia), nossas qualidades, nossas tendências etc... Nem todos fazem a mesma coisa. Por isso, para assumir o batismo, é preciso colocar tudo a serviço de Cristo na Igreja. Cada santo tem um tipo de ser, porque colocou sua vida e seus dons a serviço da vida e da fé. A corresponsabilidade batismal é usar nossos dons a serviço do Corpo de Cristo.
547. Apóstolo de mãos sujas.
            Trabalhando no “Cotolengo” de Trindade-GO, em 1976, durante a bela festa do Divino Pai Eterno, impressiou-me ver as Irmãs que cuidavam dos doentes, muito especiais. O branco hábito estava sempre com as manchas do permanente contato com os pacientes que as tocavam. Não estavam sujas, estavam manchadas pelo amor que dedicavam aos pacientes. A barra era pesada. Ficou-me a bela imagem de quem se compromete. Diante disso, reflito que o apóstolo, todo o batizado, deve sujar as mãos porque se compromete. Comprometer-se com a verdade do Evangelho pode nos sujar. O próprio Jesus foi emporcalhado, cuspido, porque fez a opção de assumir a vontade do Pai e dedicar-se aos pequeninos. Podemos nos sujar quando nos comprometemos com a comunidade e suas dificuldades. Podemos nos sujar quando nos comprometemos com as pessoas. Ficar do lado do problemático, do sofredor, do culpado, não os abandonando para não ser envolvido, é seguir a atitude de Jesus. Podemos nos sujar, se passarmos para o seu lado nas suas situações difíceis, tomando partido dos fracos.
548. Não sufocar o Espírito
            Não se pode separar o espiritual do humano, como dizemos: ‘Na igreja e na religião é uma coisa; na vida, outra’. Em Cristo, a unidade do divino e humano era total. O Espírito nos impele, sempre mais, a assumir esta vida de Cristo, com todas as consequências. O Espírito ora dentro de nós, mas também é um fogo que nos estimula a produzir as obras de Cristo, em favor dos enfraquecidos e de todas as situações que Deus quer restaurar. Não podemos fugir de suas inspirações. Tendo o Coração de Jesus, teremos seus sentimentos de misericórdia. Por isso, seremos julgados pela nossa moleza e inércia diante de tanto sofrimento que existe no mundo. Comprometer-se é responder ao Espírito e realizar nosso batismo.

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