REFLETINDO A PALAVRA - “Ficaram com Ele aquele dia”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE

Estamos iniciando o Tempo Comum. Temos diversos tempos litúrgicos: Advento, Natal, Quaresma, Páscoa e Tempo Comum. No Tempo Comum nós refletimos e vivemos o Mistério Pascal de Cristo no tempo da Igreja que se torna tempo de salvação. O tempo comum interrompe-se no início da Quaresma e é retomado depois da festa de Pentecostes. Neste ano vamos ler o Evangelho de S. Marcos que quer nos apresentar Jesus como o Messias vindo da parte do Pai. 

No evangelho encontramos a bela cena de João apresentando Jesus aos discípulos. Este domingo está na continuação da manifestação do Senhor que tivemos nos domingos anteriores. Temos, neste evangelho a explicação de como se faz para ser discípulo. João mostra-lhes Jesus e eles o seguem. Jesus pergunta: “que quereis”? Respondem evasivamente: “onde moras”? “Venham e vejam” responde Jesus. “E ficaram com Ele aquele dia”. Os 2 discípulos fizeram uma bela experiência e dizem a Pedro: “encontramos o Messias”! Na primeira leitura temos o chamado de Samuel. É diferente. Era um garoto, novo, inexperiente. Ao misterioso chamado noturno responde: “Fala Senhor que teu servo escuta”. “Ele não deixou cair por terra nenhuma das palavras do Senhor”. 

Os discípulos fazem a experiência de ir conhecer Jesus, pessoalmente, onde ele morava, seu mundo e suas coisas. Podemos pensar que o chamado é a experiência pessoal com Jesus Cristo. O resultado da experiência pessoal é a força para o anúncio. Imediatamente vão comunicar a Pedro. Samuel, o grande juiz e profeta, passa sua juventude no templo, experimentando o Senhor e se torna o grande profeta . 

A Igreja necessita de uma pregação mais clara e incisiva do Evangelho. Sinto que nossas pregações possuem algo de vazio que angustia. Por outro lado vejo que o povo tem muita religião, muita piedade, mas carece um alicerce mais consistente. Onde vamos procurar este fundamento? Sinto que faltam evangelizadores consistentes. Usamos muitos meios modernos de comunicação para a pregação. Está dando resultado? Sim, seguramente! Mas, falta uma coisa: o contato pessoal com Cristo pessoa a pessoa. Pregamos idéias e não passamos uma experiência vivida como fizeram os dois discípulos. Parece que temos uma bela casca, mas pouco caroço. Não podemos generalizar. Mas, sinto em mim mesmo pouca consistência na pregação que cai em um vazio. 

Cada cristão é constantemente chamado como Samuel. Chamado pelo nome e muitas vêzes. Eis-me aqui para fazer tua vontade diz o salmo. Em nossa vida cotidiana, em nosso corpo, como diz a segunda leitura, somos chamados a fazer esta experiência de Cristo. Precisamos conhecer Jesus em sua casa, nas suas coisas, em seu modo pessoal de ser, na sua intimidade, com uma conversa pessoal sobre tudo e sobre nada, sobre seu Pai, seu reino, seus projetos, seu amor. Ele é fascinante ao vivo. E depois, sim, anunciar. Aí pega! 

(Leituras:1 Samuel 2,3-10.19; 1 Coríntios 6,13-15.17-20; João 1,3-42)

Homilia do 2° Domingo Comum

Em janeiro de 2003

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