sábado, 30 de janeiro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Deus é rico em misericórdia!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACEREDOTE
(AO LADO O SEMPRE ESTIMADO PADRE BRANDÃO)
Este 4º domingo da Quaresma é chamado “domingo da alegria”,
pois sua antífona de entrada (que normalmente não é usada – pena!) começa com as palavras “Alegra-te Jerusalém” Em latim era chamado domingo Laetare! Este domingo tem um irmão gêmeo, o 3º domingo do Advento que se inicia com as palavras: “Alegrai-vos”! (Gaudete). A liturgia tem uma poesia que encanta, mas não é percebida. O motivo desta alegria é a proximidade da festa. É belo ver a liturgia criar uma aurora que anuncia o sol aberto que é a festa da Páscoa. É um tom de alegria no meio da seriedade da Quaresma, pois a oração assim reza: “concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam cheio de fervor e exultando de fé”. Quer lembrar assim a finalidade da seriedade e penitência quaresmal: preparar a Páscoa. 
A festa está chegando! E é o próprio tema a nos confortar e alegrar: Deus é rico em misericórdia. As leituras querem fazer perceber que a salvação, mais que uma conquista é um dom: Vejamos: “Deus é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos pelo pecado, Ele os deu vida em Cristo. É por graça que vós sois salvos... mediante a fé. Isso não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2,4-5.8). Esta obra misericordiosa de sua graça (graça em hebraico quer indicar um Deus que se abaixa para os abraçar), Deus no-la concedeu através de nossa ressurreição com Cristo. Ele já nos “fez sentar nos Deus em virtude de nossa união com Ele”. Tudo vem pela bondade de Deus que suscita em nós a fé. 
Vemos aí a bela imagem que Jesus usa: “assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado na cruz, para que todos que nEle crerem tenham a vida eterna...Deus deu o Filho para que não morra aquele que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo.3.14-15). A fé é dom e conduz à salvação. 
Junto com a riqueza da misericórdia e da bondade aparece a perversidade do pecado. A história de Israel tem sido sempre uma história de pecados e infidelidades ao lado da constante bondade de Deus que, fiel a sua promessa, manda sempre novos meios de recuperação do povo. Deus não manda castigos imerecidos. Ele insiste através de seus profetas. A salvação vem através de seus escolhidos. No Exílio, Ciro, rei da Pérsia, se torna imagem do futuro Messias que é movido pelo Espírito de uma abundante redenção. Seria interessante nós escrevermos nossa história de pecados ao lado da história das misericórdias de Deus. Dentro de nossa história de pecados encontramos um grave erro: acentuamos em nossa vida os pecados e não a graça de Deus que salva, mesmo quando somos pecadores. Basta olhar Cristo Cruz para compreender a misericórdia de Deus que não poupou seu Filho para que o escravo fosse libertado. Façamos uma espiritualidade da graça e não do pecado, da misericórdia e não do castigo. 
(Leituras: 2º Crônicas 36,14-16.19-23; 
Efésios 2,4-10;João, 3,14-21)
Homilia do 4º domingo da Quaresma (30.03)
EM MARÇO DE 2003

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