terça-feira, 26 de janeiro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Transfiguração, nosso futuro”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
No encadeamento das celebrações litúrgicas
, encontramos a Transfiguração de Jesus no monte Tabor. É montanha arredondada no meio de uma fértil planície. O primeiro e o segundo domingos fazem a abertura deste tempo quaresmal e dão, em síntese, uma visão ampla da vida cristã no seguimento de Jesus. Como em Jesus o sofrimento foi como que inexplicável, na transfiguração nós encontramos seu significado.
Jesus e os 3 discípulos sobem o monte. Ali Jesus se transfigura: cheio de luz e brancura esplendorosa. Com Ele falam Moisés e Elias, simbolizando a lei e os profetas. Uma nuvem os cobre. A nuvem significa a presença de Deus. O Pai proclama: “Este é meu Filho Amado. Escutai o que Ele diz”. Dali a pouco, estão somente Jesus e os discípulos. Descem a montanha. Jesus lhes diz que não contem a ninguém até que Ele ressuscite dos mortos. Eles se perguntavam o que queria dizer ressuscitar dos mortos. A cena é bonita e cheia de um grande mistério. A forma corporal de Jesus é iluminada pela glória divina. 
Por que esta manifestação de divindade? Diante dos sofrimentos e da morte, a fé dos discípulos se abala. Em Jesus estão a Lei e a Profecia, simbolizados em Moisés e Elias. Em Jesus ressuscitado Deus fez chegar à plenitude todo o caminho de Redenção para a qual fizera o mundo, escolhera um povo e enviara um Redentor. É a Jesus que devemos ouvir. Ele é a comunicação de Deus para com todo o Universo. Sendo este texto colocado no início da Quaresma, dá-nos a compreensão de nosso caminho e de nosso ponto de chegada e conclusão de todo o caminho cristão. 
O que acontece com Jesus, vai acontecer conosco. Ele, unindo-nos a si em seu sofrimento, une-nos na sua Ressurreição. Deste modo podemos compreender todo o tempo da Quaresma: vivemos o caminho de dor de Cristo através de nossa conversão pessoal, nossa penitência, nossos sofrimentos e fraquezas, orientados pela Palavra de Deus. Se vivermos com Ele, terá sentido para nós a Ressurreição que é a glorificação de Cristo, isto é, a volta de Cristo à Glória junto do Pai. Até então o corpo sofredor de Cristo escondia a divindade. Agora, o corpo glorioso transparece; torna o corpo frágil esplendoroso e movido pela divindade. Desta divindade participamos pelo batismo. 
Realizamos esta transfiguração agora através da fé. A primeira leitura fala do sacrifício de Isaac. Deus exige de Abraão a prova máxima: sacrificar o filho como um louvor a Deus. Foi duro para ele. Mas ele foi até o momento de cumprir o sacrifício. Deus aceitou o sacrifício interior como prova da fé: devolveu-lhe o filho e fez com ele a aliança. Deus sacrificou Jesus até o extremo da morte. Jesus foi a prova máxima da humanidade na aceitação de Deus. Jesus é nossa aliança com Deus. Agora nós colocamos este sacrifício interior em nossa vida. Por ele seremos transformados como Cristo. Nossa fé é nossa transfiguração. Por ela seremos capazes de carregar a cruz e chegar à ressurreição – ressurreição que nos acontece já, em cada um de nossos pequenos atos.
 (Leituras: Gênesis 22,1-2.9a.10-13.15-18;
Romanos 8 31b-34;Marcos 9,2-10)
Homilia do 2º domingo da Quaresma (16.03) 
EM MARÇO DE 2003

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