quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Jesus fez um chicote!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
A Quaresma é um “sacramento”
, quer dizer, uma atividade nossa, corroborada por uma graça interior. Sendo sacramento, vai realizar em nós o que fizemos através dos ritos. Este resultado é fazer-nos viver mais profundamente o Mistério Pascal de Cristo. Vivemos fazendo aquilo que sabemos. Nossas pequenas coisas espirituais têm grandes resultados em nossa vida. Deus é sempre mais abundante que nossa medida. Estes 3 próximos domingos colocam-nos em contato com a Aliança de Deus com seu povo e a glorificação de seu Filho. 
Sempre imagino a confusão que Jesus deve ter provocado no templo com aquele chicote de cordas nas mãos expulsando vendedores de gado, cordeiros, cambistas e tudo mais, sem que tivessem como reagir tamanha foi a surpresa. Já estavam habituados naquele lugar sagrado com seu negócio. De repente são tocados para fora. Jesus estava mesmo irritado com o que faziam do templo. “Fizestes da casa de meu Pai uma casa de comércio” (Mt 2,17). É meio assustador ver o Senhor Misericordioso nesta atitude de violência. Mas é de se notar, que aos vendedores de pombas, que seriam mais pobres, trata com mais brandura: “tirai isso daqui!” Jesus investe fortemente contra toda esta corrupção que se instalara no templo. E este gado, provavelmente era dos “donos” do templo, os sacerdotes que tinham fazendas próprias para preparar este gado para o templo. E os assustados vendedores não reclamaram. Reclamaram os donos do negócio: “que sinal nos mostras para agir assim?”Jesus dá um exemplo de que o templo deve ser purificado, pois é casa do Pai, casa de oração(Jo 2,18), doa a quem doer. Quem mais abusa do templo? Às vezes é o responsável pelo templo que explora. Deve sair correndo também. 
O sinal que Jesus mostra de sua autoridade é a ressurreição do seu corpo. “Destruí este templo e eu o reconstruirei em 3 dias” (Jo 2,19). Falava do templo de seu corpo. Tudo acontece neste tempo da festa da Páscoa, tempo em que o Corpo de Jesus se torna o novo Templo, lugar purificado para o encontro com Deus, casa de oração. O texto diz: “Ele falava do templo de seu corpo” (Jo 2,21). 
Esta cena de Jesus tem muito a ver com nosso cotidiano: temos que purificar a Igreja (doa a quem doer). Há uma grande acomodação e muita gente vive usando a Igreja para outros fins. Isso não só da parte do povo, mas do clero também. Muitos de nós usamos a Igreja e não zelamos pela Igreja. É por isso que a primeira leitura traz o código da Aliança do Sinai: Os dez mandamentos. São leis proibitivas, mas os caminhos do amor ao próximo. Se não amo o próximo, sujo a Igreja e destruo a vida do irmão. Deste modo, para que o azorrague de Jesus não chegue a nós, convém viver bem a alianças com Ele e ter zelo pela casa de Deus que é seu corpo, pelo templo de Deus e pelo irmão que é templo de Deus.
(leituras:Gênesis 20,1-3.7-8.12-17; 1 Coríntios 1,22-25; João 2,13-25)
Homilia do 3º domingo da Quaresma (23.03)
EM MARÇO DE 2003

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