Evangelho segundo São Marcos 1,14-20.
Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo:
«Cumpriu-se o tempo e está próximo o Reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».
Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores.
Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens».
Eles deixaram logo as redes e seguiram Jesus.
Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes;
e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus.
Tradução litúrgica da Bíblia
tradutor da Bíblia, doutor da Igreja
Homilias sobre o Evangelho de
São Marcos, n.° 2A; SC 494
«Cumpriu-se o tempo e está
próximo o Reino de Deus»
«Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia». De acordo com a nossa interpretação, João representa a Lei e Jesus o Evangelho. Com efeito, João disse: «Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu» (Mc 1,7), e ainda: «Ele deve crescer e eu diminuir» (Jo 3,30); é assim que ele compara a Lei com o Evangelho. E diz seguidamente: «Eu batizo na água, mas Ele batizar-vos-á no Espírito Santo» (Mc 1,8). Jesus veio porque João tinha sido preso. Com efeito, a Lei está encerrada e fechada, já não tem a liberdade que teve; mas nós passámos da Lei ao Evangelho. «Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus» Quando li a Lei, os profetas e os salmos, nunca ouvi falar do Reino dos Céus; só no Evangelho. Porque só quando chegou Aquele que disse: «O Reino de Deus está no meio de vós» (Lc 17,21) é que o Reino de Deus foi inaugurado. De facto, antes da chegada do Salvador e da luz do Evangelho, antes de Cristo ter aberto as portas do paraíso ao bom ladrão (Lc 23,43), todas as almas dos santos iam para a sepultura dos mortos. O próprio Jacob o diz: «Juntar-me-ei, chorando, a meu filho na sepultura» (Gn 37,35). Na Lei, Abraão está na sepultura dos mortos; no Evangelho, o bom ladrão está no paraíso. Não denegrimos Abraão, todos desejamos repousar no seu seio (Lc 16,23); mas preferimos Cristo a Abraão, o Evangelho à Lei.
Após a ressurreição de Cristo, muitos santos apareceram na cidade santa (Mt 27,53). Com efeito, o nosso Senhor e nosso Salvador não pregou apenas na Terra, também pregou nos infernos: ao morrer, desceu aos infernos para libertar as almas que aí se encontravam acorrentadas (1Ped 3,18s).
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