No mês de setembro celebramos de modo particular as Sagradas Escrituras. É uma pedagogia da comunidade católica do Brasil, de estimular a leitura, a meditação e a vivência de um tesouro que nos foi entregue: A Palavra de Deus. É claro que a Palavra é para todos os dias. A meta é dar sempre maior valor ao dom de Deus em sua Palavra. Em Roma, nos dias 05 a 26.10.08, houve uma grande reunião, chamada Sínodo dos Bispos, que teve como tema A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. O Papa Bento XVI, em continuação ao Sínodo, escreveu uma Exortação Apostólica com o nome de Verbum Domini (Palavra de Deus). Vamos retomar esse tema e recolher os ensinamentos que nos iluminam. O Papa faz sua reflexão dizendo que “nos vemos colocados diante do mistério de Deus que Se comunica a Si mesmo por meio do dom da sua Palavra”. A comunicação de Deus não foi dar um livro para ler, mas entrar em comunhão para comunicar-se através da Palavra. E continua: “Esta Palavra, que permanece eternamente, entrou no tempo. Deus pronunciou a sua Palavra eterna de modo humano: o seu Verbo «fez-Se carne»” (Jo 1,14). A palavra bíblia vem do grego. Bíblia é o plural da palavra Bíblos que se traduz por livro. Bíblia significa o conjunto dos livros inspirados por Deus. Não podemos parar na visão exterior, nem basta abrir e ler. É preciso ir à fonte, ao Deus que Se comunicou com a humanidade. Esta comunicação propondo a comunhão com Ele se realizou em Jesus. Os livros da bíblia recolhem os ensinamentos para se compreender e viver a comunicação que Deus fez de Si. Entramos em contato com a Palavra que sai da boca de Deus. O livro é o sacramento desta Palavra. Ele nos coloca em comunhão com Deus.
A Palavra se fez carne
Ao referirmos à Palavra, não só estamos diante do Livro Santo, mas nos dirigimos ao Deus que se comunica às pessoas de modo humano, isto é, através de Jesus, a Palavra (Verbo) que se fez carne. Verbum, em latim, significa Palavra e não uma função gramatical. O Papa recorda o que diz João: “Nós vos anunciamos a vida eterna, que estava no Pai e que nos foi manifestada em Jesus” (VD 2). Jesus mantém viva a consciência de sua união com o Pai: “O Pai e Eu somos um” (Jo 10,30) e que Ele, Verbo Eterno feito Homem é a comunicação com o Pai. Jesus exclamou, dizendo: “Quem crê em mim, crê, não em mim, mas Naquele que me enviou” (Jo 12,44). Aqui está diferença entre as crenças. Nós cremos numa pessoa concreta que é Deus Homem, que nos põe em comunhão com o Pai. Jesus não é uma ideia ou uma doutrina, uma tradição ou uma invenção.
Anunciamos a Vida Eterna
João escreve: “O que vimos e ouvimos isso vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco”. (1Jo 1,2-3). O Apóstolo fala-nos de ouvir, ver, tocar e contemplar (1Jo 1,1) o Verbo da Vida, já que a Vida mesma se manifestou em Cristo. E nós, chamados à comunhão com Deus e entre nós, devemos ser anunciadores para que o dom da vida Divina, a comunhão, se dilate cada vez mais pelo mundo inteiro. Com efeito, participar na vida de Deus, Trindade de Amor, é a alegria completa (1Jo 1, 4) (VD 2). Quando anunciamos, não anunciamos uma ideia, mas a pessoa de Jesus. E Ele, não é uma estrutura social de Igreja que anunciamos. A Igreja é guarda e anunciadora desta presença de comunicação que Deus faz a nós.
ARTIGO PUBLICADO EM SETEMBRO DE 2012
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