Santo Atanásio, o Atonita, introduziu grandes mudanças na vida dos monges do Monte. Era oriundo de Trebizond e foi professor em Constantinopla. Seguiu para o Monte Atos, provavelmente em 957, com o objetivo de tornar-se eremita.
Posteriormente, participou com seu amigo Nicéforo Focas na campanha militar da ilha de Creta, nos anos 960-961, juntando algum dinheiro e conseguindo organizar um pequeno grupo de anacoretas, que rapidamente transformou-se numa comunidade de 80 monges.
Seu amigo Nicéforo II Focas tornou-se imperador, reinando de 963 a 969, e o ajudou financeiramente a construir a chamada Grande Lavra, que se destacava em comparação com outros mosteiros, principalmente por tratar-se da primeira comunidade cenobítica, isto é, de vida em comunidade, contrapondo-se à vida nos eremitérios, à vida anacorética, isto é, em solidão e em isolamento.
Santo Atanásio foi o organizador dos monastérios no Monte Athos, ele nasceu em Trebizonda, por volta do ano 920, filho de um Antioquino e recebeu no batismo o nome de Abraão. Fez seus estudos em Constantinopla, onde se tornou professor. Enquanto exercia nesta cidade o ofício de professor, conheceu São Miguel Maleinos e seu sobrinho Nicéforo Focas. Este último tornou-se, mais tarde, seu protetor, ao ocupar o trono imperial. Abraão tomou o hábito no Mosteiro que São Miguel dirigia, em Kimina de Bitínia, recebendo o nome de Atanásio. Ali viveu até o ano 958, mais ou menos.
O Mosteiro de Kimina era uma «Lavra», isto é, uma série de celas isoladas, construídas em torno de uma igreja. Quando morreu Miguel Maleinos, Atanásio, prevendo que seria eleito abade, fugiu para o Monte Athos. Ali Deus reservava para ele uma responsabilidade ainda mais pesada que o ofício de abade do qual tinha fugido. Vestido como um rude camponês e com o nome de Doroteo, Santo Atanásio se retirou para uma cela na proximidade de Karyes. Mas seu amigo Nicéforo Focas não demorou a descobri-lo.
O Imperador Nicéforo, que estava prestes a empreender uma expedição contra os sarracenos, pediu a Atanásio para acompanhá-lo nesta viagem e que o apoiasse nesta empreitada com a sua benção e orações. Atanásio, vencendo sua resistência em regressar ao mundo, acompanhou o seu amigo nesta viagem. Após a vitória da expedição, Atanásio pediu permissão ao Imperador para retirar-se novamente ao Monte Athos. Nicéforo Focas concordou, mas não sem que, antes aceitasse uma importante soma que lhe deu para ajudá-lo na fundação de um mosteiro.
O santo construiu o primeiro mosteiro, propriamente dito, em Monte Athos, no início do ano 961 e, dois anos mais tarde, a Igreja. Santo Atanásio dedicou o mosteiro à Santíssima Mãe de Deus. Atualmente é conhecido como «Mosteiro de Santo Atanásio», ou, simplesmente, «Grande Lavra», isto é, «o Mosteiro». Receando que o Imperador o chamasse novamente à corte, Santo Atanásio se refugiou em Chipre para escapar das honras e títulos. Mas Focas novamente descobriu seu esconderijo e lhe disse para voltar a governar em paz o seu mosteiro, dando-lhe mais dinheiro para construir um porto em Athos.
Santo Atanásio enfrentou muitas dificuldades com os solitários que, ocupando o Monte Athos há mais tempo, consideravam que a precedência lhes dava certos direitos de ocupação; tais solitários viam com «maus olhos» a construção de monastérios, igrejas e portos, e se opunham às regras que Santo Atanásio queria lhes impor. Por duas vezes o santo esteve prestes a ser assassinado. Sabendo que a violência é capaz de corromper a melhor das causas, o Imperador João Tzimesces interveio, confirmou as doações que Nicéforo Focas havia feito a Atanásio, proibiu a oposição ao Santo e reconheceu a sua autoridade sobre todo o território e habitantes do Monte Athos. Desta forma, Santo Atanásio foi constituído o superior geral de cinquenta e oito comunidades de eremitas e monges, além dos mosteiros de Ivirón, Vatopedi e Esfigmenou, que ele mesmo havia fundado e que são conservados até os dias atuais. Morreu por volta do ano 1000, vítima do desabamento da cúpula da igreja onde ele estava trabalhando com cinco outros monges.
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