Sacerdote escocês, martirizado em Glásgua em Março de 1615; durante as perseguições religiosas que assolaram a Inglaterra durante os séculos XVI e XVII.
João Ogilvie nasceu na Escócia, em 1579 numa localidade de Aberdeenshire ou de Banflhshire, duma nobre família que aderiu à separação da Igreja da Inglaterra com a de Roma. Educado numa rígida doutrina calvinista, João, com treze anos, foi enviado para a França e Alemanha por causa dos estudos.
Aí, ao deparar-se com o testemunho de vida dos católicos, converteu-se à religião católica e entrou no colégio escocês de Douai, transferindo-se em 1595 para Lovaina, onde teve como mestre o famoso Cornélio Lápido. Prosseguiu os estudos em Ratisbona no colégio dos beneditinos escoceses (1598), depois junto aos jesuítas em Omutz, onde foi admitido no noviciado da Companhia de Jesus em Brunn (Morávia) em 1599.
Estudou em diversos lugares e recebeu a ordenação sacerdotal em Paris no ano de 1610. Pediu várias vezes para lhe ser concedido trabalhar na Escócia. Depois de dois anos e meio de petições e orações, no outono de 1613 pôde deixar o continente e desembarcar perto de Edimburgo, em 11 de Novembro de 1613, sob a falsa identidade de “capitão Watson”, depois de 22 anos de ausência da pátria.
A situação religiosa dos católicos escoceses era péssima: era crime ouvir missa e quem assistisse corria o risco de perder além da vida os bens para si e para os seus herdeiros, bens que eram confiscados pelo Estado; era proibido expatriar-se a não ser mediante promessa de não se converter no exterior. João passou inicialmente 6 semanas na Escócia do norte e depois estabeleceu-se em Edimburgo. Pôde exercer um apostolado clandestino fecundo até 3 de Outubro de 1614, quando no dia seguinte foi preso em Glasgow, por iniciativa do arcebispo protestante João Spattiswoode. A sua prisão durou 4 meses, em que foi submetido a um regime desumano, sempre preso com cadeias, não podendo realizar a não ser poucos movimentos.
Foi torturado várias vezes, na tentativa de que apostatasse. Cinco vezes foi chamado perante o juiz em Glasgow e Edimburgo. Pelo processo escrito se vê a constância do mártir, no seu esforço em dar testemunho da verdade, diante da astúcia e artimanhas dos juízes, que pretendiam conduzi-lo ao terreno político para poder condená-lo como rebelde. A última sessão foi no dia 10 de Outubro de 1615, quando também foi enforcado no centro de Glasgow.
Foi canonizado em 1976.
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