PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 53 ANOS CONSAGRADO 46 ANOS SACERDOTE |
Quando dizemos que a espiritualidade é eclesial, isto é, vivida na comunidade, podemos perceber que não basta vivê-la individualmente, sem relação com os que pertencem à mesma comunidade. Somos povo de Deus e a salvação se faz como povo. Ser povo de Deus não significa estar ligado às pessoas da comunidade, mas inclui toda a sociedade. Por isso a sociedade é necessária para se viver a espiritualidade. Não se trata de assumir os princípios anti-evangélicos que a sociedade possa ter, mas sobretudo de dar uma contribuição significativa para que ela mude. Por exemplo: os redentoristas assumiram uma comunidade em um bairro da pesada na grande S.Paulo. O primeiro resultado foi a diminuição da violência. Viver a espiritualidade na sociedade significa que somos parte dela, pois o homem é um ser social. A espiritualidade não descarta esta dimensão do ser humano, antes, assume-a na sua estruturação. Vejamos bem que corremos risco de não desenvolver uma espiritualidade sadia, quando nos afastamos da sociedade. Ela pode não ser boa! Justamente por isso devemos participar dela, pois somos anunciadores de um evangelho que transforma. Que aspectos assumir da sociedade? Todos! Político, econômico, social, artístico etc... todos os segmentos! Imaginemos a política: por que entregar o governo dos povos a gente que não está preparada e está mal intencionada? Os cristãos devem estar presentes e dar sua contribuição. Com isso a Igreja não está fazendo política, mas ela é também política. Criticamos estas estruturas mas não contribuímos para mudá-las. O Papa beatificou o jovem Alberto Marvali de 28 anos (político e engenheiro)
Participar é ser fraterno.
Podemos pensar que nem todos podem assumir grandes encargos, postos importantes ou mesmo ter uma formação de alto nível. O amor fraterno é o maior diploma que podemos apresentar à sociedade para dar nossa contribuição. Aqui temos a ligação entre Igreja e sociedade. Jesus diz, no sermão sobre o fim do mundo, que seremos julgados pelo bem que fazemos aos outros, sobretudo os necessitados, sem distinção. Ser Igreja na sociedade não é fazer belas missas, mas principalmente anunciar o Evangelho pelo testemunho de vida, pelo testemunho da palavra e, sobretudo pela caridade para com todos. Ser fraterno e próximo a cada pessoa nos ajudará a entender as palavras de Jesus: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. É preciso vida em abundância para todos.
Comprometidos com o serviço.
O cristão vai viver sua espiritualidade no serviço humilde a todos. Podemos parecer bobos, mas Jesus foi considerado assim também. Faz parte da tradição da Igreja o serviço humilde aos mais necessitados. Podemos ver como o povo sabe servir e colaborar com as obras de caridade, sem olhar nem a religião, em a política, como tantos o fazem. Não é para proveito próprio, pois o proveito é a grande glória que damos a Deus fazendo como Jesus fazia. Num contexto de espiritualidade, vemos que o conceito sempre se reduz à oração, leituras, reuniões de grupo. Tudo isso é bom. É preciso participar com ações concretas e com a vida para que o conhecimento da realidade em que se vive alimente a oração.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM SETEMBRO DE 2004
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