A Beata Dina Bélanger nasceu em 30 de abril de 1897, na cidade de Quebec, Canadá. Seus pais se chamavam Otavio Bélanger e Serafina Matte. Foi batizada no mesmo dia de seu nascimento na Igreja de São Roque, com os nomes de Maria Margarida Dina Adelaide.
Desde os 6 anos estudou no Colégio Jacques Cartier, dirigido por religiosas da Congregação de Nossa Senhora. e ali recebeu a 1ª. Comunhão. Então as experiências místicas que iriam marcar sua vida se achavam no umbral da mesma. Como havia entranhado Deus em seu coração, O aguardava como algo natural e assim recebeu a Santa Comunhão: “Minha felicidade era imensa, Jesus era meu e eu era dele. Esta união intima causou em minha alma, entre outras graças, a fome de seu Corpo e Sangue, que foi crescendo com as comunhões seguintes”.
Dina recebeu o Sacramento da Confirmação no dia 2 de maio de 1907. Desde pequena recebeu aulas de piano e aos onze anos obteve seu primeiro diploma. Aos treze anos foi admitida na Associação das Filhas de Maria no colégio.
“Desde o começo de minha vida, a Virgem me protegeu de um modo especial. Meus olhos viram a luz do dia quando começava o mês dedicado a Ela. Nesse mesmo dia recebi o Batismo. Deus tomou posse de minha alma para que fosse toda dEle. Que felicidade tão grande ser filha de Deus e de Maria, minha doce Mãe!” (Autobiografia, cap.1)
“Jesus foi meu Mestre de oração ensinando-me a comunicar-me com Ele. Um dia, diante do sacrário, li estas palavras em um livro de oração: ‘Senhor, Deus meu’. Não li mais nada. Submersa no silêncio, na paz e na solidão, sentia estar com Ele saboreando estas palavras. Esqueci o tempo...”
“Outra vez, diante do Santíssimo exposto, os olhos fixos na Sagrada Hóstia, lhe pedia vê-Lo com os olhos do corpo: ‘Desejo tanto ver-Vos!’ O Senhor respondeu às minhas ingenuidades com um aumento da fé em sua presença eucarística". (Autobiografia, cap.3)
...e Mariana!
“Entreguei-me totalmente à Virgem pela prática da devoção perfeita, segundo o espírito do Beato Luís de Montfort (Beato naquele tempo em que Dina Bélanger escrevia sua vida, canonizado em 1947). Este abandono total de mim mesma e de minhas coisas à Rainha do Céu me trouxe muitas consolações. Só no céu compreenderei as vantagens de abandonar-me à sua sabia direção. Quisera consagrar-lhe toda a humanidade. É preciso deixá-la viver em nós para que Cristo seja substituído na nossa pequenez. Ela é o caminho mais seguro, mais curto, mais idôneo para elevar-nos até o infinito, para unir-nos ao amor incriado até perder-nos nEle, abismar-nos na fonte da felicidade eterna”.
Em 1911, passou ao internato de Bellevue. Nesse mesmo ano fez o voto privado de castidade e pediu ao Senhor a graça do martírio, no dia 1º de outubro. Terminou seus estudos em 1913 e voltou para casa. Começou a participar do Apostolado da Oração na paróquia, onde também ajudava com os ornamentos litúrgicos. Em 1914 comunica a seus pais seu desejo de ser religiosa, porém eles não lhe deram permissão por considerá-la muito jovem.
“O bem-aventurado São José sempre me ajudou na minha vida interior. Eu gosto muito dele, e sobretudo na sua festa o presenteava com pequenos sacrifícios”. (Autobiografia, cap.5)
A eclosão da 1ª. Guerra Mundial em 1914 fez crescer seu desejo do martírio: “Como ouvi falar desta doação, conhecido como o oferecimento heroico, imediatamente me ofereci, meu abandonei por completo à vontade de Jesus, já que sou sua vítima”.
De 1916 a 1918 permaneceu em Nova York a fim de completar seus estudos de piano e música na Residência Nossa Senhora da Paz, que era dirigida pelas Religiosas de Jesus-Maria. De volta a sua cidade natal, se inscreveu na Ordem Terceira de São Domingos, e tendo obtido a permissão de seus pais, ingressou na Congregação de Jesus-Maria situada em Québec. Escolheu como nome religioso o de Maria de Santa Cecília de Roma, devido seu grande amor pela música. Emitiu seus votos temporários no dia 15 de agosto de 1923, Solenidade da Assunção de Maria; e seus votos perpétuos em 15 de agosto de 1928, um ano antes de sua morte.
“Finalmente usava o hábito religioso; eu o beijava com piedade e amor, porém não se diz em vão ‘o hábito não faz o monge’ e tinha que trabalhar para tornar-me menos indigna dele”. (Autobiografia, cap.13)
“Eu era finalmente religiosa de Jesus-Maria. Recebi a cruz e o rosário. Já pertencia à Congregação que tanto amava. A mão divina para ali me havia conduzido. Que dívida de gratidão para com minha Congregação religiosa! Modela, Senhor, a minha alma segundo seu espírito de caridade e de humildade, de obediência e de louvor, que não é senão o espírito de teu amor. Trabalha em mim, junto com Maria, para que louve para sempre vossos benditos nomes”. (cap. 16)
Graças do Senhor em sua alma
“Um dia recebi esta luz que me consolou muito: o céu é a possessão de Deus; Deus vive em mim, eu o possuo, logo, gozo do céu na terra. Desde aquele ditoso momento me escondia por mais tempo no Coração de Cristo e nEle encontrava as delícias da bem-aventurança, com o privilégio de ser capaz de sofrer por Ele. Se os anjos pudessem ter algum desejo, creio que, além da Eucaristia, invejariam este dom do sofrimento por amor”. (Autobiografia, cap.12)
“Nosso Senhor, Homem-Deus, me fez ver seu Coração na Sagrada Hóstia. Eu não olhava o seu santo rosto; cativavam-me seu Coração e a Hóstia. Os dois estavam perfeitamente unidos, de tal maneira um na outra, que não posso explicar como me fosse possível distingui-los. Da Hóstia saiam inúmeros raios de luz, de seu Coração uma imensidão de chamas que corriam como torrentes impetuosas. A Santíssima Virgem estava ali, tão perto do Senhor que parecia estar toda absorvida por Ele. Todos os raios luminosos da Hóstia e todas as chamas do Coração de Jesus passavam através do Coração Imaculado de Maria”.
Durante sua primeira missão em Saint-Michel-de-Bellechasse, onde ensinou piano (que começou em agosto de 1923), ela contraiu escarlatina após tratar um aluno, mas se recuperou o suficiente em 7 de dezembro de 1923 para retomar suas funções de professora em janeiro de 1924. Mas essa febre logo degenerou em tuberculose; mais tarde ela escreveu que a doença lhe permitiu aprofundar ainda mais sua união com Jesus Cristo.
Em 2 de abril de 1924 ela adoeceu novamente. De fevereiro de 1924 a 29 de julho de 1929 - por ordem de sua superiora - ela começou a escrever um relato biográfico com a primeira parte concluída naquele primeiro de junho. Jesus disse a ela em uma visão bem antes disso: "Você fará o bem com os seus escritos".
No início de 1927 ela adoeceu e foi levada novamente para a enfermaria médica, embora mais tarde tivesse forças suficientes para sua profissão perpétua em 15 de agosto de 1928. Em 29 de abril de 1929 ela foi transferida para a enfermaria de isolamento de tuberculose e em 3 de setembro de 1929 seus pais passaram alguns minutos com ela. Seu pai chorou e sua mãe deu-lhe gotas de água para matar sua sede; a dor de seus pais a fez sofrer. De sua cama fazia traduções e despachava correspondência.
No dia 4 de setembro ela se sentiu fraca pela manhã e algum tempo depois das 14h, após a recitação do rosário, ela sentiu que ia morrer e às 15h gritou: "Estou sufocando", o que fez com que as religiosas corressem para ajudá-la, mas ela morreu sentada. Seus restos mortais foram enterrados em 7 de setembro, e exumados em 1951 e novamente em maio de 1990.
A Salle Dina-Bélanger e o Festival de Música de Québec Dina Bélanger e o Collège Dina Bélanger em Saint-Michel-de-Bellechasse são nomeados em sua homenagem. Um musical baseado em sua vida foi apresentado como parte do quarto centenário de Québec e do 49º Congresso Eucarístico Internacional realizado em junho de 2008.
Dina Bélanger foi beatificada em 20 de março de 1993.
Em 4 de setembro de 1929 encontrava seu Divino Esposo a Beata Maria de Santa Cecília de Roma, no século Dina Bélanger, da Congregação de Jesus-Maria.
Esta grande mística canadense, pianista, nos deixou um grande tesouro em sua Autobiografia.
O Padre François-Marie Léthel, O.C.D., na Apresentação da Nova Edição da Autobiografia de Dina Bélanger, assim nos fala:
“A Autobiografia da Dina Bélanger (em religião Maria Santa Cecília de Roma) é uma das mais puras joias da literatura espiritual do século XX. Inicialmente, o que sugere sua leitura é a fascinante beleza do Mistério de Jesus e também da santidade cristã que é a mais profunda comunhão com este Mistério. Aquele que lê e relê este texto escrito por uma santa, que foi também uma artista, volta sempre a uma fundamental impressão: como é belo! É o tesouro ou a pérola preciosa de que fala Jesus no Evangelho”.
Máximas:
“Jesus e Maria a lei do meu amor, e meu amor a lei de minha vida”.
“Quero ser santa, e com vossa graça, Senhor, serei”.
“A graça converte todos os sofrimentos que o mundo aborrece, em alegrias”.
“Minha bússola é Cristo, minha barca, a Regra, os que a guiam, minhas superioras”.
“A vida religiosa é a preparação da vida eterna”.
“Meu Pai, que seja feita a vossa vontade! Eis as palavras que Nosso Senhor me dá para meditar. Mas, além disso, ele se lamenta, meu Jesus! Durante a Santa Missa, ele me fez ouvir tão distinta como intimamente dois lamentos e uma promessa.
Primeiro lamento: Bem poucas almas querem se compadecer da minha agonia!
Segundo lamento: Bem poucas almas, mesmo consagradas, sabem se compadecer da agonia do meu Coração!
Promessa: Eu faço grandes confidências às almas que querem me consolar na minha Agonia. E eis as luzes que me dá meu divino Mestre sobre seus dois lamentos: Bem poucas almas, isto é, entre todas as almas do mundo em geral, querem se compadecer da sua Agonia; e, entre as almas consagradas, bem poucas sabem se compadecer da agonia de seu Coração, isto é, consolá-lo na mais íntima união.
Então, eu perguntei, me abandonando ao seu beneplácito, se Ele queria me responder ou não: “Por que tantas almas consagradas não sabem se compadecer da agonia do teu Coração?”
Porque, Ele me disse, elas não têm bastante delicadeza para comigo, e porque elas não se aplicam o bastante a uma grande perfeição em todas as pequenas coisas.
A agonia do meu Coração, foi o isolamento, o esquecimento, a ingratidão!”
(11 de novembro de 1926)
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