Evangelho segundo São João 10,11-18.
Naquele tempo, disse Jesus: «Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas.
O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa.
O mercenário não se preocupa com as ovelhas.
Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas conhecem-Me,
do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a vida pelas minhas ovelhas.
Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor.
Por isso o Pai Me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la.
Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente. Tenho o poder de a dar e de a retomar: foi este o mandamento que recebi de meu Pai».
Tradução litúrgica da Bíblia
São Boaventura(1221-1274)
franciscano, doutor da Igreja
«A Árvore da Vida»
A solicitude do Bom Pastor
O Bom Pastor, na parábola da centésima ovelha perdida, procurada com tanto afã, finalmente reencontrada e alegremente levadas aos ombros, mostra com terna imagem os cuidados da sua solicitude e a sua clemência pelas ovelhas perdidas; a sua palavra formal declara expressamente que «o bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas», cumprindo aquela profecia que diz: «Pastará o seu rebanho como o pastor» (Is 40,11).
Assim, suportando trabalhos, preocupações e fome, armadilhas dos fariseus e toda a espécie de perigos, anunciando o Reino de Deus, percorrendo cidades e aldeias, passando noites em oração e, sem Se deixar deter pelos murmúrios e o escândalo dos fariseus, mostrando-Se afável com os publicanos, Ele afirmava que tinha vindo a este mundo curar os doentes (cf Mt 9,12) e testemunhava um afeto paternal para com os penitentes, mostrando-lhes, aberto, o seio da misericórdia divina.
Evoquemos estes testemunhos e citemos aos olhos de todos Mateus, Zaqueu, a pecadora prostrada a seus pés e a mulher surpreendida em adultério. Como Mateus, torna-te discípulo perfeito deste Pastor tão bom; como Zaqueu, recebe-O em tua casa; como a pecadora, unge de perfume e rega de lágrimas os seus pés, enxuga-Lhos com os teus cabelos e cobre-os de beijos, a fim de poderes escutar a sentença de absolvição juntamente com a mulher que Lhe foi apresentada para que a julgasse: «Ninguém te condenou? Também Eu não te condeno. Vai e não tornes a pecar» (Jo 8,10-11).
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