Evangelho segundo S. Mateus 6,1-6.16-18.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar as vossas
boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Aliás, não tereis
nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus. Assim, quando deres
esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas
sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já
receberam a sua recompensa. Quando deres esmola, não saiba a tua mão
esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e
teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando rezardes,
não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e
nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já
receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto,
fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto,
te dará a recompensa. Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os
hipócritas, que desfiguram o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em
verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares,
perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não percebam que jejuas,
mas apenas o teu Pai, que está presente no que é oculto; e teu Pai, que vê o que
está oculto, te dará a recompensa».
Tradução litúrgica da
Bíblia
São Máximo de Turim (?-c.
420), bispo
Sermão 28
«Ouvi-te no tempo favorável; socorri-te no
dia da salvação» (Is 49,8). E o apóstolo Paulo continua a citação com as
palavras: «É este o tempo favorável; é este o dia da salvação» (2Cor 6,2).
Também eu vos tomo por testemunhas: eis os dias da redenção, eis chegado de
algum modo o momento da cura espiritual; podemos aliviar todas as nódoas dos
nossos vícios, todas as feridas dos nossos pecados, se o rogarmos constantemente
ao médico da nossa alma, se [...] não negligenciarmos nenhuma das suas
prescrições. [..].
O médico é Nosso Senhor Jesus Cristo, que disse: «Sou
Eu que faço morrer, sou Eu que faço viver» (Dt 32,39). O Senhor começa por fazer
morrer, depois torna a dar a vida. Pelo batismo, Ele destrói em nós adultérios,
homicídios, crimes e roubos; depois faz-nos reviver, como homens novos, na
imortalidade eterna. Morremos para os nossos pecados pelo batismo, e retomamos a
vida no Espírito da vida. [...] Entreguemo-nos ao médico com paciência, para
recuperarmos a saúde. Ele podará, cortará e retirará tudo o que tiver descoberto
em nós de indigno, de manchado pelo pecado, de corroído pelas úlceras, por forma
a que, uma vez eliminadas todas as feridas do demónio, só exista em nós o que é
de Deus.
Eis a primeira das suas prescrições: consagrar quarenta dias ao
jejum, à oração, às vigílias. O jejum cura a frouxidão, a oração alimenta a alma
religiosa, as vigílias repelem as armadilhas do diabo. Depois deste tempo
consagrado a todas estas observâncias, a alma, purificada e provada por tantos
exercícios, chega ao batismo, recuperando as forças pelo mergulho nas águas do
Espírito; e tudo o que tinha sido queimado pelas chamas das doenças renasce pelo
orvalho da graça do céu. [...] Por um novo nascimento, renascemos outros.
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