PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1762. O olhar fixo em Jesus
O terceiro capítulo do documento papal Amoris Laetitia (Alegria do amor) é
dedicado aos ensinamentos essenciais da Igreja sobre o matrimônio e a família.
É fundamental buscar nas Sagradas Escrituras a proposta de Jesus para a
família. Em trinta parágrafos temos uma síntese sobre essa vocação de acordo
com o Evangelho, como ela foi recebida pela Igreja ao longo da história. Trata da
indissolubilidade, da sacramentalidade do matrimônio, da transmissão da vida e
da educação dos filhos. Papa Francisco está em consonância com os ensinamentos
dos Papas dos últimos tempos. No parágrafo 59 dá a razão porque tratar o
assunto a partir da vocação fundamental da família que é o amor de Deus. Diz
que o ensinamento “não pode deixar de se inspirar e transfigurar à luz deste
anúncio de amor e ternura, senão quiser tornar-se mera defesa de uma doutrina
fria e sem vida. Com efeito, o próprio mistério da família cristã só se compreende
plenamente à luz do amor infinito de Pai, que se manifestou em Cristo entregue
até o fim e vivo entre nós” (AL 59). Salienta que “o matrimônio é um dom do
Senhor” (1Cor 7,7). E acrescenta a Carta aos Hebreus “que o matrimônio seja
honrado por todos e o leito conjugal, sem mancha (Hb 13,4). A partir da Palavra
afirma a indissolubilidade do matrimônio, não como uma cadeia, mas como um dom
dado ao casal. É o projeto originário de Deus, como lembra Jesus (Mt 19,4). Ele
esteve presente na vida da família, como em Caná, na casa de Pedro e
1762. Jesus foi
família
Nem precisamos lembrar que Jesus, em
seu mistério de salvação, o fez na condição de família. Jesus nasceu tendo um
homem chamado de pai e uma mãe. Sua vida foi dentro da família em suas
condições humanas e espirituais de seu povo. }O Beato Paulo VI, citado, diz que
“a aliança de amor e fidelidade, da qual vive a Sagrada Família de Nazaré,
ilumina o princípio que dá forma a cada família, tornando-a capaz de enfrentar
melhor as vicissitudes da vida e da história”. A família de Nazaré é o modelo.
Retomando os ensinamentos da Igreja, o Papa cita o Concílio e os Papas João
Paulo II e Bento XVI. A família é considerada em sua dignidade como comunidade
de amor, enraizados em Cristo. Edificando o Corpo de Cristo tem uma missão
própria na Igreja destinada ao amor conjugal, à procriação e educação dos
filhos. Só em Cristo podemos entender essa missão.
1764.Matrimônio é um
sacramento
Lemos no parágrafo 71: “A Escritura e
a Tradição abrem-nos o acesso a um conhecimento da Trindade que se revela com
traços da família A família é imagem de Deus... é comunhão de Pessoas” como na
Trindade . Conhecemos Deus a partir da noção de família. Por Jesus, o matrimônio
natural foi elevado à condição de Sacramento. Aquilo que Deus pôs em nós na
criação, nós o temos como meio de santificação, isto é, realiza em nós a vida
de Deus, iniciada em nós pelo Batismo. Não se trata só de um rito, “mas é o
próprio Cristo que vem ao encontro dos cônjuges cristãos pelo sacramento do
matrimônio. Permanece com eles, concede-lhes a força de seguí-Lo, de
levantar-se depois da queda, perdoar-se mutuamente e carregar o fardo uns dos
outros”. Torna-se presente no matrimônio o amor de Cristo pela Igreja (seu
povo). “Quando se unem numa só carne, representam o esponsal do Filho de Deus
com a natureza humana” (AL 73). Essa união prefigura a felicidade da união de
todos em Cristo. Nas fragilidades e temores estão igualmente unidos a Cristo
que passou por nossas dores. Pelo que vemos, o matrimônio não pode ser tratado
só como um fenômeno social.
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