segunda-feira, 8 de agosto de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “A vocação da família”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
1762. O olhar fixo em Jesus
          O terceiro capítulo do documento papal Amoris Laetitia (Alegria do amor) é dedicado aos ensinamentos essenciais da Igreja sobre o matrimônio e a família. É fundamental buscar nas Sagradas Escrituras a proposta de Jesus para a família. Em trinta parágrafos temos uma síntese sobre essa vocação de acordo com o Evangelho, como ela foi recebida pela Igreja ao longo da história. Trata da indissolubilidade, da sacramentalidade do matrimônio, da transmissão da vida e da educação dos filhos. Papa Francisco está em consonância com os ensinamentos dos Papas dos últimos tempos. No parágrafo 59 dá a razão porque tratar o assunto a partir da vocação fundamental da família que é o amor de Deus. Diz que o ensinamento “não pode deixar de se inspirar e transfigurar à luz deste anúncio de amor e ternura, senão quiser tornar-se mera defesa de uma doutrina fria e sem vida. Com efeito, o próprio mistério da família cristã só se compreende plenamente à luz do amor infinito de Pai, que se manifestou em Cristo entregue até o fim e vivo entre nós” (AL 59). Salienta que “o matrimônio é um dom do Senhor” (1Cor 7,7). E acrescenta a Carta aos Hebreus “que o matrimônio seja honrado por todos e o leito conjugal, sem mancha (Hb 13,4). A partir da Palavra afirma a indissolubilidade do matrimônio, não como uma cadeia, mas como um dom dado ao casal. É o projeto originário de Deus, como lembra Jesus (Mt 19,4). Ele esteve presente na vida da família, como em Caná, na casa de Pedro e
1762. Jesus foi família
          Nem precisamos lembrar que Jesus, em seu mistério de salvação, o fez na condição de família. Jesus nasceu tendo um homem chamado de pai e uma mãe. Sua vida foi dentro da família em suas condições humanas e espirituais de seu povo. }O Beato Paulo VI, citado, diz que “a aliança de amor e fidelidade, da qual vive a Sagrada Família de Nazaré, ilumina o princípio que dá forma a cada família, tornando-a capaz de enfrentar melhor as vicissitudes da vida e da história”. A família de Nazaré é o modelo. Retomando os ensinamentos da Igreja, o Papa cita o Concílio e os Papas João Paulo II e Bento XVI. A família é considerada em sua dignidade como comunidade de amor, enraizados em Cristo. Edificando o Corpo de Cristo tem uma missão própria na Igreja destinada ao amor conjugal, à procriação e educação dos filhos. Só em Cristo podemos entender essa missão.
1764.Matrimônio é um sacramento

          Lemos no parágrafo 71: “A Escritura e a Tradição abrem-nos o acesso a um conhecimento da Trindade que se revela com traços da família A família é imagem de Deus... é comunhão de Pessoas” como na Trindade . Conhecemos Deus a partir da noção de família. Por Jesus, o matrimônio natural foi elevado à condição de Sacramento. Aquilo que Deus pôs em nós na criação, nós o temos como meio de santificação, isto é, realiza em nós a vida de Deus, iniciada em nós pelo Batismo. Não se trata só de um rito, “mas é o próprio Cristo que vem ao encontro dos cônjuges cristãos pelo sacramento do matrimônio. Permanece com eles, concede-lhes a força de seguí-Lo, de levantar-se depois da queda, perdoar-se mutuamente e carregar o fardo uns dos outros”. Torna-se presente no matrimônio o amor de Cristo pela Igreja (seu povo). “Quando se unem numa só carne, representam o esponsal do Filho de Deus com a natureza humana” (AL 73). Essa união prefigura a felicidade da união de todos em Cristo. Nas fragilidades e temores estão igualmente unidos a Cristo que passou por nossas dores. Pelo que vemos, o matrimônio não pode ser tratado só como um fenômeno social.

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