PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1747 – Gente de Deus e do povo
No mês de junho e julho temos as
festas populares que foram trazidas pelos colonizadores e assumidas com gosto
pelas populações. São festas que honram três santos queridos do povo: Antônio,
João Batista e Pedro. Estas festas são propícias para aumentar a vida da
comunidade. Isso nos traz uma reflexão oportuna sobre a piedade popular, as
devoções e ritos do povo. Há os que condenam por seu aspecto folclórico. Outros
por um falso intelectualismo. Outros condenam por uma indevida interpretação da
Palavra e por um biblismo fundamentalista. Junto a essas festas devemos colocar
o modo de viver a fé no meio popular. Por que existe devoção popular? Com a dificuldade
de entender a linguagem litúrgica e sem a devida formação, o povo procurou um
modo mais compreensível de viver a fé, salientando a devoção aos santos, a
Maria e aos mistérios de Jesus em sua dimensão humana. Surgiram muitas devoções
e algumas foram infectadas de superstições. Esse modo de ser contribuiu para
manter viva a fé do povo (Documento de Aparecida – 37.43). Papa Bento XVI
chama a religiosidade popular de “rico tesouro da Igreja católica na América
Latina” e convidou a promovê-la e protegê-la. E também “dar a catequese
apropriada que acompanhe a fé já presente na religiosidade popular (DA
300).
Não podemos desprezar a fé do povo pois ela também vem de Deus. O modo de
expressar pode ser purificado, mas não anulado. Algumas coisas devem ser revistas,
como por exemplo, uma promessa que é atrapalhada. A pessoa fica doente e não pode fazer o que
prometeu. E daí?
1748 – O santo é
gente como nós
O culto aos santos se distingue
do culto a Deus. A Deus adoramos. À Virgem Maria temos um culto de hiperdulia, isto é, grande veneração.
Aos Anjos e Santos temos a veneração, reconhecendo suas virtudes e pedindo
intercessão. Jesus é o único mediador, Maria e os santos são intercessores na
mediação suplicante. Os santos são pessoas normais como nós que viveram em
profundidade sua fé e foram reconhecidos em vida e operam milagres por sua
intercessão. Por que não ir direto a Deus? Já na sociedade usamos mediadores e
intercessores, pessoas que nos ajudam. Como todos nós, vivos e mortos estamos
unidos ao Corpo de Cristo. Como um corpo tem todos os membros unidos e vivem
uma única vida. S. Paulo explica a união de todos em Cristo a partir da imagem
do corpo. Assim também acontece com Cristo diz S. Paulo. “Vós sois o corpo de
Cristo e sois os seus membros, cada um por sua parte” (1Cor
12,12.27).
Como os membros estão unidos e se ajudam, podemos receber ajuda uns dos outros,
também na oração, pois rezamos uns pelos outros. Os santos nos ajudam e nós
rezamos a eles unidos a Cristo. Os santos continuam gente como nós no estado de
glorificação. Somos um corpo, uma família, uma Igreja.
1749 - Com os
anjos e santos
Na festa do povo
reconhecemos a presença de Deus que une seus filhos num único amor alimentados
pela fé. Essa união se faz pelo amor que se vive. A Igreja de Deus foi sempre
aberta. Participamos da glória dos santos e dos anjos quando estamos unidos
pela fé em Cristo. A evangelização não é cortar o que existe, tirando a pessoa
de sua cultura e da realidade. Convém anunciar o evangelho puro. Esse evangelho
deve salientar Cristo Salvador de todo homem, misericordioso com os fracos e
pobres. Ele reconhece os seus quando praticam o amor e o cuidado com os
necessitados. Não tenho uma vida santa, se não cumpro o mandamento do amor.
Preservar a piedade popular é aumentar a fé do povo.
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