sábado, 16 de janeiro de 2016

Santa Priscila

No dia 3 de maio de 1616, sendo então Arcebispo de Cagliari D. Francisco Desquivel, quando estavam sendo feitas escavações para encontrar o túmulo de São Esperate, descobriu-se também a sepultura de Santa Prisca (ou Priscila), Virgem e Mártir. Sobre seu túmulo havia uma inscrição que apenas mencionava que ela dera sua vida em sacrifício pela causa da Fé. A lápide que cobria seu sarcófago continha a seguinte inscrição: 
“+ D(E)D(ICAVIMUS) F(IDE)L(I) MART(YRI) PRISCE NIMIS N(OBIS) D(ILECTAE)”, que traduzida significa: DEDICAMOS (ESTE SEPÚLCRO) À FIEL MÁRTIR PRISCA POR NÓS ARDENTEMENTE AMADA. 
Segundo a interpretação dos descobridores, esta epígrafe deve ter sido colocada pelo Bispo de Cagliari, Brumasio, no início do século VI. Pesquisas recentes do arqueólogo Mauro Dadea demonstraram que este bispo providenciara pessoalmente a colocação das relíquias de São Esperate, e de outros mártires seus companheiros, na antiga igreja do centro habitado de Valeria, depois conhecida como São Esperate. Esta jovem, portanto, viveu no tempo da perseguição aos cristãos pelos romanos, no século II d.C. As atas do descobrimento das relíquias, que se encontram no Santuário de Caller do Pe. Esquirro, relatam um fato extraordinário: quando o sarcófago de Prisca foi aberto, o seu corpo apareceu, para grande espanto dos arqueólogos, imerso em um mar de rosas. Os descobridores seiscentistas de seu túmulo supõe que a Santa tivesse origem sarda. As suas relíquias, conforme consta de documentos antigos do século XVII, foram deixadas em São Esperate. No decorrer dos séculos se perdeu a sua exata localização. Mas alguns fragmentos menores destas relíquias foram distribuídos a alguns expoentes da alta aristocracia, que os conservaram nas capelas privadas de seus palácios. Uma destas relíquias, depois do falecimento do último representante de uma família nobre de Cagliari, da qual era proprietário, retornou a São Esperate no ano jubilar de 2000, doada pelos seus descendentes. Todos os anos, no dia 5 de maio, data do "adventus", isto é, dia da trasladação do corpo da Santa para a cidade, no dia mesmo em que se celebra a solenidade de Santa Prisca, Virgem e Mártir, a relíquia é exposta ao culto público na igreja paroquial, para onde vem transportada numa procissão pelas ruas da cidade, que para a ocasião se enfeita com um tapete de pétalas de perfumadíssimas rosas. De acordo com o teólogo católico Johamm Kirsh, narrativas relacionadas à Santa não são históricas. Segundo a legenda, Santa Prisca pertencia a uma família nobre e na idade de treze anos foi levada diante do imperador Cláudio acusada de ser cristã. Este imperador ordenou que ela sacrificasse ao deus Apolo e, diante de sua recusa, ela foi flagelada e colocada na prisão. Como ela persistia na sua fé em Jesus Cristo após a saída da prisão, foi novamente punida e aprisionada. Ela foi levada para o anfiteatro para ser morta por um leão, mas este se colocou aos seus pés sem feri-la. Após três dias na prisão, foi torturada, continuou viva, mas foi decapitada. Os cristãos sepultaram seu corpo na catacumba próxima ao local de seu martírio. Ainda existe, no Aventine, em Roma, uma igreja de Santa Prisca, no mesmo local em que uma antiquíssima igreja, a Titulus Priscoe, era mencionada no século V e construída provavelmente no século IV. Etimologia: Prisca, do latim Priscus = "prisco, antigo, velho". Na época imperial romana, na linguagem poética, tinha um matiz de respeito e veneração. Priscila = diminutivo de Prisca. 

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