Celebramos
os mistérios de Cristo em tempos e modalidades diferentes. Narramos como uma
história. Mas o mistério é um só. Por exemplo, o Natal. É o mesmo Mistério
Pascal de Cristo, visto a partir da Encarnação. Alguns povos se saudavam no
Natal dizendo: “Felizes Páscoas de Natal”. Há uma unidade. A Ascensão de Jesus
completa o ciclo da vida terrestre de Jesus. Ela celebra o Senhor crucificado,
morto, sepultado, ressuscitado ao terceiro dia, glorificado e exaltado à
direita do Pai com toda glória e poder. Temos a sensação de que encerrou uma
etapa ou fechou-se uma porta. O próprio Evangelho diz: “Uma nuvem o encobriu,
de forma que seus olhos não podiam mais vê-lo” (At
1,9). Não é o fim de uma etapa. “Jesus sobe ao Pai para realizar seu
culto sacerdotal eterno de louvor, ação de graças e intercessão, pedindo ao Pai
o Espírito para todos” (Frederici). O prefácio reza: “Ele subiu aos céus a fim
de nos tornar participantes de sua divindade”. Nós celebramos essa participação,
de modo particular, na Eucaristia. Nela nos unimos a seu mistério de louvor ao
Pai que, a pedido do Filho, nos dá o Espírito para a divinização. Quando se diz
que uma nuvem o encobriu a seus olhos, significa uma mudança de relacionamento
com Ele. Indica também, como na Transfiguração, que Jesus assume a expressão de
sua divindade, oculta pela humanidade e seu abaixamento na Encarnação (Fl 2,6-11). Depois
da Ressurreição, os discípulos puderam vê-lo: “Foi a eles que Jesus se mostrou
vivo, depois de sua paixão, com numerosas provas. Durante quarenta dias
apareceu-lhes falando do Reino de Deus” (At 1,3).
E foi elevado. Os discípulos têm a certeza que tira a sombra que a nuvem faz:
“Eu estarei convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28, 20).
Ascensão
é nossa vitória
A
Ascensão é um aspecto do mistério que mais toca nossa humanidade. Não se trata
somente do reconhecimento que Ele foi um homem como nós, mas que toda nossa
humanidade estava unida a Ele. S. Agostinho escreve, explicando a união que
temos em Cristo: “E assim como Ele subiu sem se afastar de nós, também nós
subimos com Ele, embora não se tenha ainda realizado em nosso corpo o que nos
está prometido... Nele, pela graça, também nós subimos”. O prefácio reza: “Ele
subiu, não para se afastar da nossa humildade, mas para nos dar a esperança de
que um dia, como membros de seu corpo, iremos a seu encontro, onde Ele nos
precedeu, nossa cabeça e princípio”. Deste modo somos vitoriosos com Ele. Nossa
humanidade está glorificada. Tudo o que é do Filho é nosso. Por isso diz Paulo:
“Que Ele abra o vosso coração a sua luz, para que saibais qual a esperança que
o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com
os santos” (Ef 1,18). Mas está conosco:
Estarei convosco todos os dias.
Sereis
minhas testemunhas
Não
podemos parar na contemplação do alto, mas transformá-la em anúncio. No momento de
sua partida, Jesus diz: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos,
batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a
observar a tudo o que vos ordenei!” (Mt 28,19-20). Cria-se um novo povo unido à vida
da Trindade santa. É um momento em que Cristo continua entre nós, ou melhor, em nós,
continua sua missão. Como os discípulos foram testemunhas da ressurreição, nós
seremos testemunhas da Ressurreição. Abrimos o Reino de Cristo a todos os
povos. As pessoas serão conduzidas à adoração com Cristo ao Pai. Cada
Eucaristia nos une a seu mistério de Ascensão.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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