PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
O
vinho novo
Encerramos
o Tempo do Natal com o Batismo e iniciamos o Tempo Comum. O 2º Domingo Comum é
especial. Todos os anos, neste domingo, celebramos a manifestação de Jesus aos
discípulos. João usa palavras que mostram a fé dos discípulos: os discípulos
creram Nele ou, em outras palavras, seguiram-No. Este domingo é como a passagem
da Manifestação para o seguimento de Jesus a partir da fé e nos faz percorrer
um evangelista fazendo um caminho espiritual. Jesus participa de um casamento
em Caná, juntamente com os discípulos e Maria, sua Mãe. Provavelmente eram parentes.
Maria percebe que o vinho acabara e diz a Jesus: “Eles não tem mais vinho”. A
resposta de Jesus parece grosseira, pois a chama de mulher. Mulher, no hebraico
é o termo nobre e respeitoso. Senhora. “Mulher, por que dizes isso? Minha hora
ainda não chegou”. A primeira frase, na raiz hebraica (semita) é muito educada
e diz muito do relacionamento de Jesus com Maria, que podemos traduzir: “Nós
sempre nos entendemos”; ou “a senhora sabe o que eu penso”. “Minha hora não
chegou”. A Hora de Jesus é sua Morte e Ressurreição. Fora outras
interpretações, podemos dizer: A Hora da Glorificação ainda não chegou, por
isso pode fazer o milagre para manifestar sua Glória. Maria não espera outra
palavra e diz aos empregados que fizessem tudo o que Jesus dissesse. A palavra que pode
parecer grosseira é esclarecida pela atitude de Maria para com os empregados
quando diz: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Passando à nossa vida temos a
chamada a fazer o que Jesus diz para que tenhamos a mudança de água para o
vinho. A conclusão do texto explica o sentido do milagre: “Esse foi o início
dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná. Manifestou sua glória e seus
discípulos creram Nele” (1Cor
12,11).
O sabor do vinho
Jesus mandou que enchessem de água
os potes destinados à purificação que os judeus costumam fazer. Jesus não
realiza um milagre de fazer o vinho do nada. Transforma a água em vinho e manda
servi-lo. Eram uns seiscentos litros. Temos aqui uma passagem do Antigo ao Novo
Testamento. Jesus diz à samaritana que, quem bebe dessa água não mais terá sede
(Jo 4,13). O
Vinho Bom é servido pelo Esposo que agora é Jesus. Devemos ter consciência de que
não vamos beber o vinho bom agora no dia a dia da vida, mas é reservado para o
encontro na Glória do Céu. Quando buscamos as coisas do alto (Cl 3,1) antecipamos o
gozo e o prazer que nos serão dados no Céu onde beberemos o Vinho do Espírito
Santo (Ef 5,18).
Ele transforma a festa de casamento no
matrimônio de Deus com seu povo que se realiza pelo dom da fé que nos é dado.
Sabemos que Deus é nossa alegria.
A Mãe
e a fé
Esse
momento em Caná tem a presença de Maria. Vemos ali o relacionamento existente
entre Mãe e Filho. Dá-nos também a certeza da presença dessa Mãe em nossa vida,
cuidando de nossas necessidades elementares. Mãe é mãe. Na Igreja temos sua
presença como perpétuo socorro. Maria é símbolo da Igreja que deve sempre
estimular as pessoas a ouvirem Jesus e beberem o vinho bom que Ele oferece que
é a fé. Maria está presente no momento do primeiro ato de fé acontecido a
partir dos sinais de Jesus. Estes sinais são os milagres para a fé. Ela está
presente na vida de cada fiel para estimular à vida de fé. Não é possível
desligar Maria da Redenção. Deus quis assim e assim vai ficar. Sem Maria temos
o vinho, mas não o vinho bom tomado na união da comunidade.
Leituras: Isaías 62,1-5; Salmo 95; 1ªCoríntios
12,4-11; João 2,1-11.
1.
O 2º Domingo
Comum continua a Manifestação do Senhor e nos introduz no caminho espiritual de
um evangelista. Em Caná, o milagre da água mudada em vinho é sinal da mudança
que a fé realiza em nós. A presença de Maria salienta sua presença na Redenção.
No milagre manifestou-se a Glória de Jesus e seus discípulos creram Nele.
2.
O milagre representa a passagem do Antigo ao Novo
Testamento onde se bebe a Água Viva que é a presença do Espírito, o vinho do
Espírito. Não teremos a totalidade do sabor do Vinho bom que nos será servido
na festa do Pai, mas poderemos pregustar das alegrias celestes.
3.
A presença de Maria nos mostra seu relacionamento com o
Filho que passa à compreensão de sua presença na Redenção. Ela é símbolo da
Igreja que nos estimula a ouvir Jesus e beber o Vinho bom que Ele oferece que é
a fé. Não podemos desligar Maria da Redenção.
O
bêbado levou vantagem
Depois do Natal temos três festas
para o mesmo ensinamento: Reis Magos, Batismo de Jesus e as Bodas de Caná. São
três momentos para acolher a Manifestação do Senhor. Deus se manifestou a todos
os povos na pessoa dos pastores e dos Magos, aos judeus no Batismo e aos
discípulos nas bodas de Caná. No Presépio se manifestou aos simples e humildes,
os queridos de Deus.
Hoje temos o casamento em Caná.
Esse ficou famoso porque nele Jesus iniciou sua missão. Quem O aceitar é como
mudar a água em vinho bom. Ensina também que a fé em Jesus e em sua palavra é
unir-se a Deus como num casamento. O Profeta Isaias diz que o amor de Deus pela
cidade de Jerusalém é como o amor de um casal jovem. Chama a cidade de esposa
bem amada de Deus.
Quem tem a fé, recebe os dons do
Espírito Santo para o bem. Deus nos dá os dons e o Espírito Santo os desenvolve
em nós.
No evangelho das bodas de Caná
além de Jesus, estava também sua Mãe. Não diz Maria. Esta Lhe diz que o vinho
acabou. Jesus dá uma resposta difícil. Chama de Mulher, em hebraico diz o nome
nobre de Senhora. Pergunta: Mulher,
porque dizes isso? Na raiz hebraica está dizendo: “A gente sempre se entende”.
Minha hora ainda não chegou. A hora é a da cruz. Por isso o milagre pode ser
feito. Diante do milagre os discípulos creram nele. Quem bebeu desse vinho,
levou vantagem.Portanto,
quando temos a graça de “ver” e compreender os sinais de Deus, nossa fé também
tende a fortalecer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário