PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR |
Benedita Bianchi era uma jovem que tinha tudo na vida. Filha de um engenheiro, rica e bonita, inteligente e comunicativa, estudiosa e aluna de Medicina. Mas desse tudo ficou-lhe somente a voz, como resultado de longos sofrimentos. Foi perdendo pouco a pouco a vista, o ouvido, o paladar, o olfato, e todos os movimentos, exceto uma das mãos. Ficou imersa na imobilidade, no silêncio e na escuridão. Ficou apenas a voz e a jovialidade contagiante. Embora mergulhada em dores, só sabia pensar nos outros.
Benedita (1936-1964) fez brilhantes cursos saltando várias etapas. Dentro dela, porém, havia qualquer coisa minando seu organismo. Cresceu na mão dos médicos e no leito dos hospitais. Algumas cirurgias obtinham sucesso, mas a maioria só fazia piorar seu estado de saúde.O que crescia, era sua atividade missionária. Da cadeira de rodas escrevia cartas, dava conselhos, encorajava os desanimados. Seu quarto transformou-se num ponto de reuniões, onde todos vinham para ouvi, perguntar, rir, orar e aprender. Em vez de confortar, eram confortados. Foi preciso fazer uma escala de visitas, porque os jovens brigavam para ficar ao seu lado. Habituaram-se a tratá-la como uma pessoa forte e normal. Ninguém perguntava “como está passando”, se “está doendo muito” etc.
Nos seus últimos dias o único meio de comunicação ficou sendo a voz. Era com o alfabeto dos surdos-mudos que eles conseguiam comunicar-se com ela, passando-lhe trechos do Evangelho, artigos de jornais, confidências etc. No dia da morte, ela cantou sua última canção “Andorinha peregrina”. Suas últimas palavras foram ”Obrigado por tudo”. Depois o vazio, a saudade. Parecia ter secado a fonte da alegria. Mas ficou a mensagem.
Lição para a vida: Não falemos tanto de nós.Não projetar nossos problemas nos outros, mas tentar resolver os deles. (Da revista italiana: Familia cristiana.)
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