terça-feira, 12 de março de 2024

SÃO MAXIMILIANO, MÁRTIR NA ÁFRICA

Maximiliano, filho de um veterano, foi obrigado a ser soldado por lei. Porém, diante do procônsul, Dion, recusou se alistar, por ser cristão, pois devia reconhecer a divindade dos imperadores e realizar atos de violência. São Maximiliano foi martirizado no ano 295, em Tebessa, Numídia.
De um "Passio Sancti Maximiliani" sabemos que Maximiliano sofreu o martírio por volta de 295, em 12 de março, sob o consulado de Tuscus e Anulinus (ou Anulius), perto de Cartago, em Tebessa. Ele era filho do veterano Fábio Vittore e, de acordo com as leis da época, era obrigado a seguir a carreira do pai. O jovem cristão, no entanto, recusou tal caminho, apesar de ter sido reconhecido como apto para o serviço militar. Trazido ao Fórum perante o procônsul Dião, foi questionado por este sobre os motivos de sua recusa. Ele respondeu com firmeza: "Não é lícito para mim ser soldado, já que sou cristão". Uma afirmação que levou ao seu martírio. (Avvenire) 
Patrono: Objectores de consciência 
Etimologia: Massimiliano = composto de Máximo e Emílio (do latim)
Emblema: Palma 
Martirológio Romano: Em Tebessa, na Numídia, na atual Argélia, São Maximiliano, mártir, que, filho do veterano Vítor e também inscrito na milícia, respondeu ao procônsul Dião que não era lícito a um cristão fiel servir no exército e, recusando-se a fazer o juramento militar, foi executado pela espada. Da vida deste santo há escassas informações. A maioria deles, no entanto, aprendemos com um Passio Sancti Massimiliani. É relatado que Maximiliano sofreu o martírio por volta de 295 d.C., em 12 de março, sob o consulado de Tuscus e Anulius (ou Anulius), perto de Cartago, em Tebessa. Costuma-se dizer que ele foi um dos primeiros objetores de consciência cristãos, que recusou armas de maneira firme, lúcida e animada por um espírito sem exibicionismo e distante de qualquer retórica; mas dos atos e paixões dos mártires das origens, aparece a singularidade do caso de São Maximiliano, que abdicou expressamente do papel de soldado na hora suprema do martírio. Nos outros casos, tratava-se mais propriamente de uma rejeição de atos de culto ligados ao cumprimento de obrigações militares, e não tanto de uma forma de objeção de consciência no sentido próprio. O mártir em questão está plenamente inscrito naquela corrente que esteve particularmente viva nos primeiros séculos do cristianismo, antes mesmo da Reforma Protestante, que muitas vezes tende a ser minimizada tanto que, usando a terminologia de alguns autores, poderia ser definida como "cristianismo submerso". Atravessou, no entanto, os séculos, chegando até nós, tendo testemunhas ilustres que são conhecidas, como o prior de Barbiana, Don Lorenzo Milani e o padre Balducci, e menos conhecidas, como o camponês católico austríaco Franz Jaegerstaetter, que, sob o nazismo de Hitler, foi julgado e decapitado por se recusar a se alistar nas unidades da Wehrmacht. Esse movimento de ideias, fortemente enraizado antes de o cristianismo ser reconhecido por Constantino como tendo plena liberdade (mas também vivo mais tarde), reconhecia uma total inconciliabilidade entre a ética da nova fé e o serviço militar, a qualquer título, mesmo que inicialmente não se expressasse nas formas de objeção de consciência tradicionalmente entendidas. Basta mencionar, a esse respeito, a obra de Tertuliano, De corona, composta por volta de 211 d.C. Foi inspirado em um episódio sobre um jovem soldado – cujo nome é desconhecido, mas que é definido pelo escritor cristão como Dei miles (soldado de Deus) – que se recusou a colocar uma coroa de louros em sua cabeça durante uma cerimônia ligada ao culto do imperador. O soldado justificou sua atitude proclamando-se cristão e, por isso, ficou preso aguardando sentença. Com base nesse episódio, Tertuliano, em sua obra, se perguntou se um cristão poderia cumprir o serviço militar. Ele, portanto, distinguiu duas hipóteses: a do cristão que ainda não havia se alistado no exército e a do soldado que se converteu à nova fé. No primeiro caso, para o ilustre Pai da Igreja, haveria uma absoluta incompatibilidade entre os deveres da fé e os deveres do soldado, na medida em que o batizado, recebendo o selo de pertencimento exclusivo a Cristo, não poderia submeter-se a outros (sejam imperadores, deuses, etc.). No segundo caso, o soldado ficaria com apenas uma alternativa: abandonar o exército ou ter o cuidado absoluto de não realizar ações contrárias à fé, até, se necessário, o sacrifício de sua própria vida. Em conclusão, portanto, sustentou-se, em um sentido antimilitarista, que a única "guerra" lícita para o cristão era a contra as alienações do mundo. Análogo com O ilustre Pai expressou isso, quase ao mesmo tempo, em De idolatria. Outros Padres autorizados da Igreja (Orígenes, Lactâncio, Cipriano, Hipólito, Minúcio Félix, etc.) expressaram ideias semelhantes. Nosso mártir, portanto, juntamente com outras testemunhas da fé (como, por exemplo, Marino, Marcelo, Giulio) e muitos cristãos, se encaixa bem nas fileiras daqueles que, em obediência à sua consciência, aceitaram a pena de morte, infligida pela rejeição de comportamentos prejudiciais às convicções interiores, uma vez que já possuíam o signum Christi, recebido com o batismo. Basta dizer que, algumas décadas depois de Constantino, por volta de 350 d.C., São Martinho de Tours abandonou seu serviço militar com o famoso episódio conhecido pelos hagiólogos como a "cena de Worms", justificando essa recusa com a objeção "Eu sou um soldado de Cristo: não me é lícito lutar". Ao imperador Juliano (o apóstata), que o acusou de covardia diante da batalha iminente, ele respondeu oferecendo-se para enfrentar o inimigo desarmado. A objeção de Martinho, de fato, ecoa muito de perto os motivos de São Maximiliano. Do Passio del martire, ficamos sabendo que ele era filho do veterano Fábio Victor e que, de acordo com as leis da época, era obrigado a seguir a carreira de seu pai. O jovem cristão, no entanto, recusou tal caminho, apesar de ter sido reconhecido como apto para o serviço militar. Trazido ao Fórum perante o procônsul Dião, foi questionado por este sobre os motivos de sua recusa. Ele respondeu com firmeza: "Não é lícito para mim ser soldado, já que sou cristão". Para insistência e bajulação do procônsul, ele repetia que: "Não posso ser soldado, não posso fazer o mal, sou cristão". À objeção de que, na guarda de honra dos imperadores Diocleciano e Maximiano e dos césares Constâncio e Máximo (Galério), havia vários soldados cristãos, o mártir respondeu de maneira extremamente respeitosa pelas escolhas dos outros, mas digna em relação às suas: "Eles sabem o que é bom para eles. Eu, de minha parte, sou cristão e não posso fazer mal". Diante dessa posição firme e inabalável, o proncole Dio leu na tábua a sentença de morte, decapitando, o jovem Maximiliano por indisciplina, tendo recusado o serviço militar. Quando a sentença foi lida, o mártir não teve escolha a não ser exclamar: Deo gratias (graças a Deus)! Ele tinha, segundo o Passio, apenas vinte e um anos, três meses e dezoito dias. Antes de morrer, voltando-se para o pai que o acompanhava, com o rosto radiante, disse-lhe para dar ao carrasco o seu novo manto, que o pai preparara para o serviço militar. Depois de sofrer o martírio, o corpo foi recolhido por uma matrona que o remontou com dignidade e o enterrou em uma colina, perto do túmulo do mártir São Cipriano. Padre Victor, a caminho de casa, louvou a Deus e estava cheio de alegria, tendo enviado diante de si um dom tão precioso, a Ele que estava pronto para se juntar a Ele mais tarde. Como mostrou o estudioso P. Siniscalco, as razões do mártir baseavam-se unicamente nas suas convicções, baseadas numa interpretação pessoal do Evangelho e da mensagem cristã. O autor, com efeito, observa que, como cristão, Maximiliano tinha duas razões para se opor ao serviço: primeiro, o alistamento envolvia um ato de adoração ao "divino".Os "Imperadores' Empires" são os primeiros a poder fazê-lo. Em segundo lugar, tratava-se de cometer actos de violência. Da análise do texto do Passio, o autor deduz que a objeção de consciência do mártir se baseava principalmente na recusa de cometer qualquer violência, traindo assim o espírito do Evangelho. Por isso, ele pode, com razão, invocar-se como o único protetor dos objetores de consciência. 
Autor: Francesco Patruno

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