terça-feira, 14 de setembro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Combati o bom combate".

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
Guardei a fé.
 
Paulo dá testemunho claro do que seja uma vida impregnada de fé. Escreve a Timóteo "que combateu o bom combate e guardou a fé. Agora lhe está reservada a coroa da Justiça (2 Tim 4,7). Sua trajetória de vida, que agora chega ao fim, é marcada pela certeza da presença de Cristo que esteve a seu lado e lhe deu forças (17). Não é por nada que está em um tribunal para ser julgado, abandonado por todos. Sua fé se expressa na coragem de anunciar o evangelho às nações. A fé era um risco de vida, pois ele esteve perto da morte, mas Deus esteve com ele: "Fui libertado da boca do leão" (17). De tudo o que fez e pode armazenar em sua vida, tem a fé como tesouro bem guardado. Por isso sente-se feliz por dizer "guardei a fé". O combate da fé sempre traz consigo os riscos, mas também a certeza. Valeu a pena! De onde Paulo tira esta força? De sua humildade em reconhecer Cristo como razão de sua vida. Por Ele vale dar a vida. Como o conheceu, quer anunciá-lo. Paulo tem a garantia de ter lutado por Jesus. Podemos por aí ter uma noção mais esclarecida da relação de fé e humildade. A atitude de humildade é o suporte da fé. Somente com a humildade podemos ter aceitar Jesus Cristo e por Ele empenhar a vida.
Piedade de mim que sou pecador. 
A parábola do fariseu e do publicano pecador que vão ao templo rezar, está a nos mostrar de onde vem a força da santificação que consiste no relacionamento com Deus. Paulo diz da certeza de onde vinha sua força: Ele me deu força. O fariseu confia na própria força porque faz bem todas as coisas e ali se coloca acima dos outros por ser tão correto. O publicano coloca-se diante de Deus e humildemente perde perdão. Reconhece quem é Deus. Sua humildade o justifica, isto é, torna-o próximo e aberto a Deus. A fé sem humildade não tem como se garantir, pois não é a aceitação de um código, mas de uma pessoa. 
A oração do humilde chega ao céu. 
No combate da fé, a oração é a grande arma. Oração não é um discurso que fazemos a Deus para conquistá-lo para nosso lado. Mas nós é que nos conquistamos para Deus. Ela nos leva a servir a Deus na humildade não do escravo temeroso, mas do filho respeitoso que se dirige ao coração do Pai no afeto da aceitação de sua vontade. Convencemos a Deus não pelo nosso belo currículo e boas obras realizadas, mas pela aceitação de nossa fragilidade e fraqueza. Por isso vemos a prece do humilde publicano ser atendida e não a prece do fariseu cheio de si. O pecador diz: "Meu Deus, tende piedade de mim que sou pecador". O pedido de perdão é aceito pela humildade com que é feito. Este voltou justificado, que dizer, justo, santo. As boas obras do fariseu não o santificaram porque faltou a humildade. Sua oração não valeu, por causa do orgulho. No combate da fé, saber a própria fragilidade é uma arma poderosa da santidade. A prece do humilde atravessa as nuvens e, enquanto não chega, não terá repouso. Deus é imparcial, mas escuta as súplicas do oprimido e jamais despreza as súplicas dos órfãos, nem da viúva quando desabafam suas mágoas (Eclo 3516-17). 
Leituras:Eclesiástico35,15-17.20-22;
Salmo 33; 2ª Timóteo 4,6-8.16-19; 
Lucas 18,9-14. 
Ficha: 1. Paulo dá o testemunho de sua vida afirmando que “combateu o bom combate, terminou a carreira e guardou a fé, por isso lhe está reservada a coroa da vitória" (2 Tim 4,7-8). Sua fé o sustentou nos combates pelo anúncio do evangelho. A fé lhe dá certeza da presença de Cristo a sue lado. Esta aceitação de Cristo é a humildade que dá suporte à fé. 
2. A parábola do Fariseu e do publicano esclarece-nos a relação entre oração e humildade. O fariseu tem um belo currículo, mas, como sua oração não tem humildade, não chegou a levar ao relacionamento com Deus que é a justificação. O pecador reconhece sua fragilidade e pede perdão com humildade. Sua oração foi ouvida e o santificou. 
3. A oração do humilde atravessa as nuvens e é ouvida por Deus. Deus não deixa de ouvir a prece do oprimido sofredor. No combate da fé, a oração humilde é a força do fraco. 
Homilia do 30º Domingo do Tempo Comum
EM OUTUBRO DE 2004

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