Insigne pela força de ânimo invicta, a admirável paciência e a assídua contemplação das realidades celestes.
Entre os santos venerados pela Igreja milanesa encontramos as Beatas Catarina de Pallanza e Juliana de Busto, que deram origem à experiência monástica das eremitas da Ordem de Santo Ambrósio ad Nemus de Santa Maria do Monte, perto de Varese, chamadas comumente de Eremitas Ambrosianas.
Já antes de 1400, há séculos existia um local de culto à Bem-aventurada Virgem Maria, um santuário associado à Santo Ambrósio: ali o Santo Bispo tinha derrotado o último grupo de arianos. Naquele local caro à história da Igreja milanesa, as duas mulheres viveram a sua consagração virginal ao Senhor.
A primeira foi Catarina, nascida em Pallanza [1437-1478], da nobre família dos Morigi, que depois de uma longa busca da vontade de Deus, encontrou naquele local a resposta. Era em torno do ano 1450. Depois, em 1454, se uniu a ela Juliana Puricelli.
Juliana nasceu em 1427 em Busto-Verguera, em uma família camponesa. Desde jovem ela sentiu muito fortemente o chamado para a vida religiosa, uma escolha à qual seu pai, uma pessoa que é descrita como muito grosseira e violenta, foi decisivamente oposto, porque ele a queria casada.
Finalmente, aos 27 anos, em 1454, Juliana fugiu de casa para se juntar, no Monte Sagrado de Varese, à Catarina da Pallanza que levava uma vida de eremita ali. Ela viveu à sombra e na escola de Catarina, que a deixou progredir na sua devoção ao Padre Nosso e a Ave-Maria, desenvolvendo assim sua pureza, obediência, pobreza, humildade e caridade, e cultivando com ela a profunda contemplação da Paixão de Cristo.
As suas vidas de grande penitência e oração suscitaram grande admiração e muitas jovens seguiram seu exemplo. Já em 1460 se uniram a elas. Após várias tribulações e incompreensões, em 1474 o papa Sisto IV, com uma bula, aprovou a ereção da Ordem, na qual se professava a regra de Santo Agostinho, observando as constituições de Santo Ambrósio ad Nemus e oficiando segundo a liturgia ambrosiana.
Catarina faleceu em 6 de abril de 1478, deixando à pequena comunidade o testamento da caridade e da obediência à vontade de Deus. Benedita Biumi, sucessora da Beata Catarina no governo do mosteiro no ano 1478, e superiora da Beata Juliana por espaço de vinte e três anos, nos deixou uma breve Vida desta sua súdita.
Juliana, analfabeta, viveu como uma simples conversa no mosteiro que surgiu no Monte Sagrado, toda humildade, espírito de penitência, serviço do próximo, entregando, através da roda do mosteiro, a água desejada pelos peregrinos sedentos – esta tarefa as Romitas Ambrosianas continuam executando até hoje - nutrindo em seu coração uma devoção profunda à Jesus Crucificado e à Beata Virgem Maria, até a morte na idade de setenta e quatro anos, depois de quarenta e sete anos de vida religiosa, dos quais vinte e dois passados no eremitério e vinte e cinco no mosteiro.
Juliana, “chegando a noite da Assunção da Virgem Maria, desejou ser posta sobre a terra nua e expirou com grandes melodias no dia 15 de agosto de 1501”.
As duas eremitas, que ainda em vida todos chamavam de “beatas”, foram veneradas pelo povo desde sua morte, como concordam as testemunhas dos dois processos de beatificação. E em Monte Sagrado, “desde tempos imemoriais”, a festa de Catarina foi solenizada em 6 de abril e a de Juliana em 15 de agosto.
O culto à Beata Juliana foi confirmado (o equivalente à beatificação) junto com o da Beata Catarina de Pallanza, na festa de Pentecostes do ano de 1729, pelo bispo de Bobbio na qualidade de delegado do Arcebispo de Milão, Benedito Odescalchi; em 1769 o culto foi reconhecido como existente ab immemorabili pela Sagrada Congregação de Ritos e pelo Papa Clemente XIV.
O corpo da beata primeiramente foi sepultado no cemitério; em 23 de outubro de 1650 foi trasladado solenemente ao coro do mosteiro das Romitas Ambrosianas; depois, no ano de 1729, por ocasião da confirmação do culto, foi trasladado, junto com o da Beata Catarina, para um oratório especialmente erigido próximo do santuário mariano, onde se encontram atualmente, expostos à veneração dos fiéis.
Atualmente, com o novo Missal de 1976, a liturgia ambrosiana celebra a sua memória no dia 27 de abril. No Martirológio Romano sua festa é celebrada no dia 15 de agosto.
Fonte: www.santiebeati/it
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