sábado, 6 de março de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Espinho na carne”.

53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Tempo comum,
 tempo de Cristo em nossa vida. 
Passaram-se as festas pascais. Agora entramos mais fortemente no tempo comum em que celebramos o Mistério Pascal em nosso cotidiano. É a memória de Cristo, não a partir dos fatos históricos da redenção, mas nos fatos de nossa vida. Celebramos festas de Nossa Senhora e santos que realizaram em suas vidas o Mistério de Cristo. O que caracteriza este tempo é a esperança que é simbolizada na cor verde dos paramentos. Somos levamos a compreender melhor como o Mistério Pascal de Cristo incide sobre nossa vida. 
Coração de pedra. 
Duas realidades que se manifestam como constante e intrigante inquietação. A primeira é a recusa de Jesus, como podemos ver no evangelho. Os judeus de Nazaré recusam Jesus porque era gente deles, simples como eles. Ficam escandalizados por que se tornara um pregador e fazedor de milagre. “De onde recebeu tudo isso? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses milagres realizados por suas mãos? Não é Ele o filho do carpinteiro?” (Mc 6,2-3). O profeta Ezequiel lamenta também a recusa e o fechamento do povo que não tomava conhecimento da Palavra de Deus. “É um povo de cabeça dura e coração de pedra... bando de rebeldes” (Ez 2,4-5). Esta recusa nos incomoda. Por que não se aceita Jesus? Vemos, nas comunidades, que Jesus é recusado pela vida que as pessoas levam. Com isso a comunidade se sente bloqueada e não se desenvolve.
Espinho na carne. 
A segunda inquietação é a dura realidade humana: Paulo, mesmo tendo revelações sofre com um problema que ele chama de espinho na carne e demônio que o esbofeteia. Por que? Para que eu não me orgulhasse de mim mesmo (2 Cor 12,7). Não sabemos o que era. Mas pode ser a perseguição dos judeus, dos falsos irmãos que eram problema para ele nas comunidades. Ou poderia ser um problema de saúde, ou mesmo uma dificuldade pessoal. Paulo pede para ser libertado dela. Nós, igualmente, temos nossas dificuldades e problemas. A gente se apavora, pois fizemos tantas coisas boas, tendo feito tanto por Deus. De repente, uma doença, um problema, uma pessoa ou mesmo um pecado nos fazem ir lá embaixo. É nosso espinho. Aí a gente fica sem entender e diz: fiz tanto por Deus e agora recebo isso em troca. Ele não escuta minha oração. Tive até graças especiais. Isto se chama o orgulho em que nos achamos bons. Aparece então nossa fraqueza. 
Basta-te minha graça. 
Qual a resposta que temos para esta situação? Vamos sempre encontrar gente que recusa Jesus, ou pior ainda, que é batizado, vive na Igreja, mas leva uma vida que não corresponde ao evangelho. Temos este espinho na carne que são nossas dificuldades. Como resolver? Jesus responde a Paulo: “Basta-te minha graça, pois é na fraqueza que a força se manifesta”. Notemos: nossa força é Cristo habitando em nós. Se coloco toda a força em mim mesmo, então sou um fraco, mas sou forte se coloco a força em Cristo. 
(Leituras? Ezequiel, 2,2-5; 
2 Coríntios 7-10; Marcos 6,1-6)
Homilia do 14º domingo do Tempo Comum (06.07)
EM JULHO DE 2003

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