O Imperador Constantino, vencedor (de grandes batalhas) pelo poder da Santa Cruz, rendia-lhe todas as homenagens devidas a este sinal sagrado da salvação dos homens. Sua mãe, Santa Helena, era uma mulher piedosa. Inspirada pelos Céus, resolveu, apesar da sua idade avançada, visitar os Lugares Santos e lá procurar o madeiro salvífico sobre o qual o Salvador derramara Seu Sangue.
A empreitada guardava enormes dificuldades. Os pagãos pretendiam transformar os Santos Lugares, testemunhas da morte de Jesus Cristo, em lugares dos cultos pagãos a Vênus e a Júpiter. Helena não se deixou abater; retirou de lá todos os vestígios do paganismo e mandou que se fizessem escavações aos pés do Monte Calvário, com tanto cuidado e ardor, que logo foram descobertas três cruzes, com os pregos que haviam transpassado as mãos e os pés do Redentor, assim como a placa em que Pilatos mandara afixar sobre a cabeça de Cristo.
Mas como poderiam reconhecer, entre as três cruzes, aquela em que estivera o Salvador? O bispo de Jerusalém teve uma idéia: mandou levarem as três cruzes à casa de uma senhora que estava à morte; ao aproximarem da mulher as duas primeiras cruzes, nada aconteceu, mas assim que a doente tocou a terceira cruz, instantaneamente ficou curada. Um outro milagre ainda mais impressionante veio confirmar este primeiro: um morto, prestes a ser enterrado, ressuscitou assim que foi tocado pelo madeiro sagrado.
A imperatriz, no auge de sua alegria, mandou construir naquele mesmo lugar uma igreja magnífica, onde foi depositada a maior parte desta Cruz, enviando a outra parte a Constantinopla, onde Constantino a recebeu triunfalmente.
Mais tarde, o rei dos Persas, depois de pilhar Jerusalém, apoderou-se da venerada Cruz; logo, porém, o Imperador Heráclius conseguiu reavê-la. A Cruz encontrada deu origem à Festa da Invenção (do latim invenire = encontrar, descobrir) da Santa Cruz que, ao ser reconquistada por Heráclius, originou a festa da Exaltação à Santa Cruz, ou festa da Cruz Gloriosa, celebrada em 14 de setembro.
Desde esse tempo remoto, a devoção à Santa Cruz espalhou-se pelo mundo inteiro. (...) Foi assim que este instrumento de suplício, antes considerado infame, tornou-se um símbolo de glória e triunfo.
Abade L. Jaud, Vida dos Santos para todos os dias do ano (Vie des Saints pour tous les jours de l'année), Tours, Mame, 1950.
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