quinta-feira, 10 de setembro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Face oculta do meu ser”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Jesus transfigurou-se diante dos apóstolos Pedro, Tiago e João. “Seu rosto tornou-se brilhante como o sol e suas vestes brancas como a neve” (Mt 17,1-2).Visão tão bela que Pedro não agüentou e disse: “Como é bom estarmos aqui” (Mt 17,4). Diante deste fato, somos instruídos de que seremos transfigurados um dia. Um dia! Tão distante! 
Temos ouvido que vivemos o mistério de Jesus, isto é, sua vida, suas obras, sua Paixão, Ressurreição, Ascensão e Glória junto ao Pai. Continuamos distantes! Para nós, a religião é fazer algumas rezas, quando muito participar da missa e viver corretamente. Alguns se satisfazem apenas com um sentimento religioso. Mas vamos abrir a cortina de nosso ser cristão e ver do lado oculto, aquele que vivemos em Deus. 
O que acontece em nós do ponto de vista espiritual? Primeiramente não podemos separar a presença de Deus do nosso ser humano. Temos este lado brilhante, mas profundamente escuro. Cada um de nós sabe que Deus é o mais íntimo de meu íntimo. Ele está profundamente presente em nós. Paulo diz: “não sou eu quem vivo é Cristo quem vive em mim”(Gl 2,20). Pedro na sua carta diz: “somos participantes da natureza divina” (2 Pd 1,4). Diz também Jesus: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e nós viremos a ele, e faremos nele morada” (Jo 14,23). Deus age em nós com sua energia divina. O que faz? Pelo seu Espírito deifica-nos. É uma terminologia que não estamos habituados a usar, mas é uma realidade profunda em nós: Lentamente vamos sendo transformados, transfigurados. Não são nossas ações espirituais o que nos faz espirituais. Ao contrário, elas brotam de nosso ser espiritual, isto é, brotam como frutos de nosso interior onde Deus é vida. Se colaborarmos, esta vida cresce e se manifesta. 
Mas é Ele quem age. Deus opera maravilhas dentro em nós. 
É preciso entrar na nuvem e, às apalpadelas, ir tocando esta presença atuante. A vida espiritual não é o que fazemos, mas o que somos. O que somos? Templos vivos de Deus, morada de Deus, filhos amados. Como sei que estou crescendo nesta união com a Presença que há em mim? Isso é manifestado quando Deus começa a ser interessante para mim; Quando as coisas dEle me interessam e passam ser a minha ocupação; Quando me alegro com Ele. Quando vejo sua ação e presença por onde passo, seja numa pessoa, na natureza e ou nos acontecimentos. A fé não é crer num punhado de verdades, mas “é saber-se amado...Amar a Deus não é um dever, mas um grito de reconhecimento, quando compreendemos que ele nos amou primeiro até o horror da cruz” (O. Clement, Alle fonti con i Padri). A maior certeza desta presença é tomar a cruz e alegremente, mesmo na dor, seguir o Jesus até à Crucifixão, momento em que o Pai aceitou o ato de amor do Filho. Não se preocupe de não enxergar nesta escuridão, pois os olhos da fé vêem no escuro. ARTIGO EM 26 DE FEVEREIRO DE 2002

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