quarta-feira, 9 de setembro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Entrando na nuvem”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
A revelação da presença de Deus no meio de nós através de Cristo está sempre no claro-escuro. Quanto mais luzes de Deus vemos, mais escuro se torna nosso caminho. Quanto mais escuro, mais claro. Como Moisés viu Deus pelas costas. Não tomamos posse de Deus nem o dominamos. É Ele que nos escolhe, toma posse de nós e nos domina. Isto é o que podemos ver na liturgia deste segundo domingo da Quaresma. 
Esta cena de Jesus no monte Tabor, diante dos três discípulos e tendo ao lado Moisés e Elias, tem um sabor muito grande de Ressurreição. Diante do fracasso da paixão, morte e sepultura de Jesus, os discípulos ficaram confusos. Vendo-o ressuscitado, tudo se transforma. Este fato da transfiguração tem esta finalidade de, antes da morte, dar sinal da vida plena e ressuscitada. 
O encadeamento das leituras faz perceber o eterno chamado de Deus. ‘Abrão, sai de tua terra e vai para a terra que vou te mostrar’. Abrão partiu. A bênção é partir. Os discípulos seguem Jesus até o alto da montanha da transfiguração. Esta graça de estar com Ele é fruto do chamado gratuito, como diz S.Paulo: “Deus nos salvou e nos chamou a uma vocação santa, não devido às nossas obras...vocação que foi dada em Cristo Jesus, desde toda eternidade”. Nós também somos chamados a esta graça de conhecer a revelação de Deus em Cristo. O caminho de Abrão não foi fácil, subir a montanha não foi fácil. Mas foi uma bênção.
No alto da montanha Jesus se transfigura. Torna-se brilhante. Nós ouvimos no domingo passado o mal que o pecado realizou no coração do homem. Desanima muito. Mas, o pecado não é o fim. Para aliviar a tensão provocada pelo pecado, Jesus apresenta a meta de cada homem: a transfiguração de toda a realidade pecadora da pessoa. É por isso que ouvimos de Paulo: “onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rom 5,17). Não nos fixamos nos pecados, mas como Abraão caminhamos, subimos a montanha como os discípulos. Ali entramos na nuvem do mistério de Deus. E somos transfigurados com Ele. Este processo de transfiguração se dá quando seguimos a ordem de Deus: ‘Este é meu Filho amado, escutai-o’: Jesus se coloca como o caminho a ser feito, a verdade a ser cultivada e a vida a ser vivida. O Antigo Testamento caminha para Cristo. Em Cristo tudo se transfigura. Ele abre um novo caminho com sua morte e ressurreição. Sua missão é levar todos a todos a Palavra do Pai. Ouvindo-o seremos transfigurados como Ele. 
Leituras: Gênesis, 12,1-4a; 2 Timóteo 1,8b-10; 
Mateus 17,1-9 
Homilia do 2º Domingo da Quaresma 
22 DE FEVEREIRO DE 2002

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