Não sei se devemos conservar a palavra Rei para Jesus, depois de ver tantos reis, durante séculos, distantes da dimensão real de Jesus. Melhor ficarmos com sua opção “aquele que serve”. É o servo como nos relata Isaias em seus cânticos (Is 49.49.50.52). Essa festa é colocada no final do Ano Litúrgico para significar que todo o mistério celebrado se dirige a Cristo, para quem todo Universo se dirige (Ef 1,10). No hino de Colossenses, Paulo dá graças porque o Pai nos tornou capazes de participar da luz que é a herança dos santos. Tudo o que o Pai faz, endereça ao Filho: “Ele nos libertou do poder das trevas e nos recebeu no reino de seu Filho amado, por quem temos a redenção e o perdão dos pecados. Davi é uma profecia que, sendo ungido rei para apascentar o povo, funda sua realeza num Rei que há de vir (2Sm 5,1-3). Deus lhe promete uma casa eterna (1Cr 17,12). Essa profecia se realiza em Jesus, ungido Rei pelo Pai, para dar a liberdade de todos os males, do poder das trevas. Vemos na oração da coleta da missa, o sentido que a Igreja quer dar à celebração de hoje: “Deus que dispusestes restaurar todas as coisas no vosso amado Filho, Rei do Universo, fazei que todas as criaturas libertas da escravidão e servindo à vossa majestade, Vos glorifiquem eternamente”. A restauração é para a libertação e implantação do Reino de Deus para a vida plena de todos. A unção de Davi foi para a união do povo sob um rei ungido. Cristo Rei, Servo de todos, liberta para uma vida plena em um único corpo.
https://refletindo-textos-homilias.blogspot.com/
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
Quem é esse Filho?
A partir da missão, a carta aos Colossenses descreve quem é esse Filho em cujo reino fomos recebidos e por quem temos a redenção e o perdão dos pecados. Ele é a imagem do Deus invisível: “Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9). É o primogênito de toda a criação. Nesse Filho nasce a novidade total: “As coisas antigas passaram, eis que tudo se fez novo” (2Cor 5,17). Tudo foi feito por meio Dele (Jo 1,3). Jesus vai além de nossos conceitos. “Ele existe antes de todas as coisas e todas têm Nele sua consistência” (Cl 1,17). Percebemos bem o risco de querermos Jesus como um santo a mais, um que quebra nossos galhos. Deixamos de lado sua consistência divina. Essa dá consistência a todos os seres. Sem Ele não existiríamos. “Ele é a cabeça do Corpo, isto é, a Igreja” (Id. 18). Novamente corremos o risco de não compreender o que seja Corpo de Cristo, do qual fazemos parte. É Nele que tudo se inicia e tem Nele sua finalidade. “Ele é o primogênito dentro os mortos” (Id 18) . É o primeiro ressuscitado e sua ressurreição é a ressurreição de todos. “Em tudo tem a primazia porque Deus fez habitar Nele a sua plenitude...” (Id 1.19). A plenitude de Deus está no Filho. Por isso diz: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30). O Pai, em Cristo realiza a reconciliação de todos os seres. Seu sacrifício na cruz realiza a reconciliação de todos os seres (Id 19).
O Céu se abre hoje.
A salvação acontece imediatamente quando vem de um profundo sentimento de ter em Jesus a total libertação e redenção: O ladrão que reconhece sua situação volta-se para Jesus, o Rei dos judeus, o Servidor de todos, e tira do fundo sua total desesperança. Crucificado, também ao lado de Jesus, Nele vê a porta do Céu aberta: “Lembra-te de mim quando estiveres no teu reinado” (Jo 23,42). A resposta de Jesus ensina que a redenção se faz completa com toda a intensidade e rapidez: “Ainda hoje estará comigo no Paraíso” (Lc 23,42-43). Quão dura tenha sido sua morte, tão grande é sua certeza da vida. Redenção é vida que não se faz esperar. Jesus é imediato. Não retarda a redenção colocando razões e questões.
Leituras: 2 Samuel 5,1-3; Salmo 121;Colossences 1,12-20; Lucas 23,35-43.
Que rei sou eu?
Celebrando Jesus Cristo Rei do Universo a gente acaba pensando que Ele seja parente do rei do baralho. Ali tem rainha e príncipe. E levam muita gente para o buraco. Passamos da fase de reis e entramos em outras. Mas Jesus se declara: Eu Sou rei. Para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade, escuta minha voz (Jo 18,37).
Não entrou na questão do título, mas da verdade. Ele é a verdade.
No alto da cruz clama ao Pai: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?” (Mc 15,34). Estaria pensando: que rei sou eu? Chegar nesse estado? Ele confirma: “Pai, em vossas mãos entrego meu espírito” (Lc 23,46). Está garantido. Alí está sua unção real: lançar-se no Pai.
Jesus ensina que reinar para Ele é servir. Se vai usar coroa de ouro ou de espinho, o importante é servir. Serviu com sua morte e serve com sua Vida.
https://refletindo-textos-homilias.blogspot.com/
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário