PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 51 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
1882. Homens que se renovam
Celebramos a Ressurreição já ocorrida porque sua realidade é sempre atual. E ainda temos que deixar que esta realidade penetre nossas pessoas e nossos corações. É um mistério tão augusto que corremos o risco de deixá-lo somente como uma ideia sobre Jesus e não sua vida em nós. O Cristo glorificado está glorioso junto do Pai, mas ao mesmo tempo continua servidor entre nós abrindo-nos as torrentes das águas da salvação (Is 12,3). Essas águas são a ação do Espírito que nos foi dado (Jo 7,3-9). Se prestarmos atenção, ação dos discípulos não era fazer coisas maravilhosas, mesmo que as tenham feito, mas continuar como Jesus, fazendo o bem (At 10,38). A vida dos ressuscitados com Cristo se mantinha na Palavra anunciada pelos Apóstolos, nas orações, na fração do pão e nas refeições em comum (Jo 2,42). Isso era o modo de viver a Ressurreição. Os homens e mulheres renovados pela fé em Jesus viviam a caridade entre si e para com os outros. Vemos na narrativa da escolha dos diáconos que deviam cuidar de muita gente, sobretudo as viúvas (que eram abandonadas pelas famílias quando morriam os maridos). Já logo assumem uma questão prática, que chamamos de social. Era o primeiro problema à vista. Não basta proclamar a fé, é preciso instituir a caridade, pois ela é o reflexo de Cristo em nós. Como diz João, “andar como Cristo andou” (1Jo 2,6). Todos tinham grande respeito por eles. Entre eles não havia necessitados, pois os que possuíam e vendiam e davam o dinheiro aos apóstolos que o repartiam (At 4,35). Diziam os pagãos: “Vede como se amam”.
1883. Estruturas renovadas.
Cada celebração da Ressurreição chama a um mundo novo, com novos modos de vida. A ideia que temos sobre a Ressurreição como um dogma, não nos conduz à prática da Ressurreição na vida concreta. A vida que a Ressurreição nos sugere é a capacidade de buscar estruturar o mundo a partir do Reino de Deus como Jesus o implantou e, como conseqüência, teve que ir até à morte de Cruz. A morte de cruz foi para Ele a síntese de tudo: dar a vida, empenhar-se totalmente para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). Doar a vida não se reduz a morrer pelos outros, mas dedicar-se pela vida dos outros para que todos vivam também espiritualmente bem. O mundo caminha em sentido contrário no egoísmo, ganância e prepotência. Onde todos cuidam uns dos outros, todos estarão bem cuidados. O egoísmo mata. Pensar no outro para que todos pensem em nós. Vejamos como isso pode influir no mundo econômico, social, político. O contrário, que é pensar só em si, tem demonstrado que só prejudica a si mesmo e aos outros. Toda a política econômica mundial, se não se adequar ao Evangelho, só aumentará o sofrimento dos povos. Temos que crer na renovação do mundo pela Ressurreição.
1884. Ressurreição das realidades materiais
O mundo espera sua renovação. Paulo nos fala na Carta aos Romanos que a natureza, também ela foi sujeita à vaidade. E espera a manifestação dos filhos de Deus. Ela não cometeu pecado, mas foi prejudicada pelo pecado do homem. Ela participa da esperança da humanidade. Ela sofre até o momento como em dores de parto esperando a Redenção (Rm 8,18-23). Como a natureza participa do louvor da humanidade a Deus, participa também dos sofrimentos e da Ressurreição. Levar a natureza à libertação é respeitar o seu ritmo, condições e finalidades. Lidar com a natureza é cultivar o ser humano. Na Eucaristia a natureza participa do Mistério de Cristo, pois o pão e vinho serão seu corpo ressuscitado. Na Eucaristia ela enxuga suas lágrimas e sorri.
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