As tradições
desapareceram, mas permanece a verdade destes três dias mais fortes da história
da humanidade, nos quais, o Deus que se fez Homem traz a todos uma Vida que é a
Vida de Deus. Certo que nem todos o percebem. Isto não muda a ação de Deus.
Muitos deuses foram feitos pelos homens, agora é Deus que faz o homem viver a
divindade. Ele não usa mistérios nem sortilégios. Manifestou-se no jeito
simples do ser humano. Nestes três dias, Quinta-Feira, Sexta-feira e Sábado
Santos Jesus ensinou e realizou a Vida Nova. Estão aí os acontecimentos
centrais da fé. Ele se entregou totalmente, dando seu corpo na maior prova que
podia dar de seu amor. Deu-se todo a nós. Na Quinta-Feira Santa ensinou que
tudo gira em torno do amor, pois Deus é Amor. E quem não entende de amor?
Podemos dizer que mesmo havendo tantas maneiras de viver a religião, podemos
provar que todas concordam que o amor é a base de todas. Na Ceia Jesus ensina
que sua vida, morte e ressurreição se reduzem ao amar. Ele o explica através do
serviço do lava-pés, mostrando que amar é servir com humildade. Foi o que Ele
fez. Fez-se pão para nosso alimento e gerar comunhão. É o novo sacrifício, como
banquete de seu amor. Ensina a repartir. Deixou gente boa para fazer o que Ele
fazia. São os sacerdotes que deverão, na comunidade, fazer memória de seu
gesto. A Ceia explica o que significa a Paixão que é um sacrifício que perdoa e
gera a nova aliança no seu sangue. O seu corpo é verdadeira comida, seu sangue,
verdadeira bebida. Alimentando-nos deles entramos em comunhão com Deus e com
todos os demais comensais. Assim haverá vida para todos.
Meu
Deus, por que me abandonaste?
Na
Sexta-Feira Ele se vestiu de dor e sangue na maior fantasia que o amor já
vestiu para nos dar a vida e levar-nos como Ele ao maior serviço. A morte de
Jesus não se mede pela intensidade da dor, mas pela grandeza do amor. Por que
passar por tanto sofrimento e morrer? A carta aos Hebreus afirma: “Ele foi provado
em tudo como nós, com exceção do pecado...
Na consumação de sua vida tornou-se causa de salvação eterna para todos
os que lhe obedecem” (Hb 4,15).
Jesus não coincide com o poder e glória dos que se dizem salvadores. Se Jesus
morre é porque assumiu o sofrimento e dores de todos com sua encarnação. Ele
vai até à morte e sepultura para viver totalmente a vida humana e dar a ela o
sentido divino que lhe vem pela salvação. Quando a Escritura lhe põe nos lábios
o salmo 21 “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” está explicando que
Ele não temeu carregar o fardo da humanidade para tirar o peso do pecado do
mundo. O pecado consiste em rejeitar a Deus como Vida e procurar as falsas
seguranças materiais e espirituais.
O rei dorme.
No sábado Ele não se mostrou. Adormeceu na morte
dando-nos a maior prova de seu amor perdendo a vida para dar Vida. Textos
antigos da liturgia pede o silêncio neste dia, pois o rei dorme. A sepultura de
Jesus não é um fim, mas a passagem da morte para a vida. Esta Vida é
solenemente celebrada na Vigília Pascal na qual, vivemos este momento da
Ressurreição e nos tornamos participantes da vida que brota do Mistério Pascal
de Cristo, isto é, de tudo o que Cristo fez por nossa salvação. Cristo nos
salvou e nós vivemos esta salvação nos símbolos sacramentais e nos alimentamos
deles para a vida nova. A melhor maneira de viver este momento é participar da
celebração que instrui e faz viver.
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