terça-feira, 8 de agosto de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Semana Santa”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Banquete de seu amor
             As tradições desapareceram, mas permanece a verdade destes três dias mais fortes da história da humanidade, nos quais, o Deus que se fez Homem traz a todos uma Vida que é a Vida de Deus. Certo que nem todos o percebem. Isto não muda a ação de Deus. Muitos deuses foram feitos pelos homens, agora é Deus que faz o homem viver a divindade. Ele não usa mistérios nem sortilégios. Manifestou-se no jeito simples do ser humano. Nestes três dias, Quinta-Feira, Sexta-feira e Sábado Santos Jesus ensinou e realizou a Vida Nova. Estão aí os acontecimentos centrais da fé. Ele se entregou totalmente, dando seu corpo na maior prova que podia dar de seu amor. Deu-se todo a nós. Na Quinta-Feira Santa ensinou que tudo gira em torno do amor, pois Deus é Amor. E quem não entende de amor? Podemos dizer que mesmo havendo tantas maneiras de viver a religião, podemos provar que todas concordam que o amor é a base de todas. Na Ceia Jesus ensina que sua vida, morte e ressurreição se reduzem ao amar. Ele o explica através do serviço do lava-pés, mostrando que amar é servir com humildade. Foi o que Ele fez. Fez-se pão para nosso alimento e gerar comunhão. É o novo sacrifício, como banquete de seu amor. Ensina a repartir. Deixou gente boa para fazer o que Ele fazia. São os sacerdotes que deverão, na comunidade, fazer memória de seu gesto. A Ceia explica o que significa a Paixão que é um sacrifício que perdoa e gera a nova aliança no seu sangue. O seu corpo é verdadeira comida, seu sangue, verdadeira bebida. Alimentando-nos deles entramos em comunhão com Deus e com todos os demais comensais. Assim haverá vida para todos.
Meu Deus, por que me abandonaste?
Na Sexta-Feira Ele se vestiu de dor e sangue na maior fantasia que o amor já vestiu para nos dar a vida e levar-nos como Ele ao maior serviço. A morte de Jesus não se mede pela intensidade da dor, mas pela grandeza do amor. Por que passar por tanto sofrimento e morrer? A carta aos Hebreus afirma: “Ele foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado...  Na consumação de sua vida tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 4,15). Jesus não coincide com o poder e glória dos que se dizem salvadores. Se Jesus morre é porque assumiu o sofrimento e dores de todos com sua encarnação. Ele vai até à morte e sepultura para viver totalmente a vida humana e dar a ela o sentido divino que lhe vem pela salvação. Quando a Escritura lhe põe nos lábios o salmo 21 “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” está explicando que Ele não temeu carregar o fardo da humanidade para tirar o peso do pecado do mundo. O pecado consiste em rejeitar a Deus como Vida e procurar as falsas seguranças materiais e espirituais.
O rei dorme.
No sábado Ele não se mostrou. Adormeceu na morte dando-nos a maior prova de seu amor perdendo a vida para dar Vida. Textos antigos da liturgia pede o silêncio neste dia, pois o rei dorme. A sepultura de Jesus não é um fim, mas a passagem da morte para a vida. Esta Vida é solenemente celebrada na Vigília Pascal na qual, vivemos este momento da Ressurreição e nos tornamos participantes da vida que brota do Mistério Pascal de Cristo, isto é, de tudo o que Cristo fez por nossa salvação. Cristo nos salvou e nós vivemos esta salvação nos símbolos sacramentais e nos alimentamos deles para a vida nova. A melhor maneira de viver este momento é participar da celebração que instrui e faz viver.

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