Jesus
escolheu os doze apóstolos depois de uma noite de oração (Lc 6,12). Por que
rezar tanto, se conhecia os doze? Ele mesmo ensina que devemos pedir ao Pai,
operários para a colheita (Mt
9,37-38). Conversava com o Pai para saber quais eram os mais apropriados
para o trabalho. Essa Palavra nos ensina que o Pai conhece a situação da obra e
por isso sabe qual é o melhor para esse ou aquele trabalho. Assim, no campo
vocacional não dependemos somente de uma vontade pessoal, mas da vontade de
Deus. É preciso estar aberto ao anúncio do Reino para conhecer o que vamos
levar. Jesus chama, assim, homens diferentes para os diferentes. Podemos ver no
grupo dos apóstolos como são diferentes! Escolhe o homem certo para a situação
concreta. Aqui não se deve contar com milagre, dizendo que a graça de Deus
supre. Por isso a necessidade da diferença entre as pessoas. O que a coordena é
o amor. Nós vemos em nossos meios que por séculos fez os operários da fé,
ordens religiosas, sacerdotes, bispos todos cantando a mesma música. Chegam a
mínimos detalhes. Tudo igual. Podemos
questionar porque pessoas não entendem o anúncio. Há necessidade dos diferentes
para os diferentes. Com isso prejudicamos a própria evangelização. O que era
diferente era excluído por ser estranho ou não perfazia o perfil da “empresa”,
como dizemos. Vejamos, por exemplo, da língua: por dois mil anos se usou o
latim. Não era problema que o povo não entendesse. No corpo temos membros todos
diferentes. S. Paulo explica sobre a unidade e a diversidade do corpo (1Cor 12,1-31).
Certeza
de um caminho
Qual
o caminho que Jesus usou para escolher os apóstolos? O Pai diz claramente:
“Este é meu Filho Amado, ouvi o que Ele diz” (Mc 9,7). Jesus nos ensina por palavras e
exemplos. Sua preocupação era com os sofredores: “Vendo Ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e
exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9:36). Quer gente que trabalhe como Ele e se preocupe com
os sofredores. E os que já estão bem se preocupem com os que sofrem. A certeza
de estar no caminho de Jesus é entender a dor do povo e se comprometer e termos
seus sentimentos. Todos imitam Jesus, cada um de seu modo. Não é desordem. Há
gente que vive em tal situação que necessita um diferente que o entenda. É por
isso que há essa debandada da Igreja. Não há quem vá até eles. A uniformidade
não é um bom método. A mitologia ensina esse conceito com a lenda sobre o leito
de Procusto. Esse era dono de uma pensão. Tinha uma cama. Se o hospede era
comprido, cortava um pedaço da perna, se era pequeno, esticava para dar o
tamanho do leito. O critério fundamental para a escolha dos operários do Reino
é ter compaixão de Jesus. Sem esse sentimento, não conseguimos levar adiante a
missão. Esse critério não é levado em conta na formação dos ministros e do povo
de Deus. Então, não funciona.
Coragem
de mudar.
E a coragem de mudar? Tratar os
diferentes de modo igual é fazê-los mais desiguais. Quanta estrutura teremos
que mudar para atender bem a todos, cada um de acordo com sua necessidade! Uma
evangelização que não penetre a vida e a transforme não serve. Percebemos o
esvaziamento da fé. A questão é perguntar se a causa não está em nós que queremos
um mundo a nosso modo e não ao modo de Jesus. Ele disse que pobres sempre
tereis entre vós (Jo
12,8). Quer dizer que serviço evangélico nunca terminará. A mudança deve
estar em nós e respeitar as diferenças das pessoas. Não sem o Evangelho.
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