domingo, 6 de agosto de 2017

Homilia da Transfiguração do Senhor (06.08.17)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
“Transfiguração do Senhor” 
Uma festa completa
            Celebramos a Transfiguração do Senhor como uma festa especial no calendário da Igreja. Nesse dia temos tantas festas com nomes diferentes que celebram o Bom Jesus. Estamos mais ligados ao Jesus sofredor, pois nos toca mais de perto. Celebramos hoje o Jesus glorificado que é também passa pelo sofrimento de sua Paixão. Glorificado, mas não deixa de ser o Homem de Nazaré. Como vemos, Ele, na condição humana se manifesta glorioso. É completa também porque tem a presença do Moisés e Elias, simbolizando a Lei e os Profetas, e os discípulos que são os iniciadores do novo povo e vivem a nova lei que está em Jesus. No Antigo Testamento a Lei era vista como a letra, no Novo a lei está no Espírito que coloca em nosso coração as palavras de Jesus. É por isso que o Pai diz: “este é meu Filho Amado no qual pus todo meu agrado. Escutai! (Mt 17,5). Em certo sentido a Transfiguração de Jesus no monte é uma comunicação da nova lei e do novo povo, como o foi no Monte Sinai. É um novo começo. Pedro, vê nessa manifestação um momento de grande prazer: “ É bom estarmos aqui. Se quiserdes vou fazer aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias” (id. 4). Há um sentido de permanência no Antigo Testamento. Era uma tentação da comunidade primitiva. Mas também conta com a presença de Deus de forma gloriosa, como foi no Sinai. Este momento maravilhoso para os discípulos é como momento de compreensão da Paixão que é seguida da Ressurreição gloriosa.
No amor do Pai
A declaração do Pai ao apresentar o Filho envolve todo o projeto de sua missão: “Este é o meu Filho amado no qual ponho o meu bem-querer” (2Pd 1,17). Estas palavras calaram fundo no coração de Pedro. É no amor do Pai que se realiza a redenção da humanidade através do acolhimento de Jesus que comunica as palavras do Pai. A obra da Redenção é uma obra do amor do Pai que envia o Filho Dileto para comunicar seu amor e atrair ao mesmo amor. A comunhão com Deus é participação de sua divindade amorosa. Repetimos muito que Jesus veio tirar nossos pecados. Certo. Mas, o que tira os pecados é a comunhão de amor com Deus. Temos que salientar o amor em todas as suas dimensões místicas, espirituais, humanas, sociais. Desse modo teremos a libertação dos pecados e a força para vencer a tentação. Pedro escreve que o amor cobre a multidão dos pecados: “Tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados. Sendo hospitaleiros uns para com os outros” (1Pd 4,8). É um amor espiritual que vai ao prático da vida. Diz Tiago: “De que adianta alguém dizer que tem fé, se não tem obras?... Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. ... Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras”  (Tg 2,14.47).
Um projeto para todos
            A transfiguração de Jesus não é somente uma realidade pessoal dele, mas projeto para todos. Assim como Jesus se Transfigurou, todos seremos transfigurados: Por que estamos nós também a toda a hora em perigo? ... porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados(1Cor 15,30). O que aconteceu com Jesus acontecerá conosco. A transformação começa já colocando o Evangelho na prática transformando as realidades do mundo, dos necessitados. Sem isso não há ressurreição.
Leituras: Daniel 7,9-10.13-14;Salmo 96; 2 Pedro, 1,16-19; Mateus 17,1-9 
1.   Jesus se transfigura e se apresenta como a nova lei e a nova profecia. E prefigura sua Ressurreição 
2.      O amor do Pai é a condição da vida e da missão de Jesus. Redenção é amor. 
3.      A nós cabe transfigurar o mundo pelo amor que recebemos. 
Um pai que sabe amar                                  
            A narrativa da Transfiguração de Jesus é como um compacto de um filme. Os discípulos que vão passar pelo sofrimento da Paixão de Jesus, podem contemplar antes do ocorrido a glória que vai ser concedida a Jesus na sua Ressurreição. Jesus
            Esse momento nos traz a passagem que Jesus veio fazer do Antigo ao Novo Testamento. É a superação da simples observância da lei e da profecia, para a vida de relacionamento com o Pai.
            Jesus é o Filho de Deus apresentado na sua glória. Não são historinhas bonitas. Ele é o Senhor glorioso que é o dominador de todas as coisas, Senhor do Universo.
            Mais que todas as glórias, o momento maior é a palavra do Pai sobre seu Filho: “Este é meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado, Escutai-O” (Mt 17,5). Essas palavras se tornam como que o caminho da compreensão da vida e missão de Jesus. É somente no amor do Pai que compreendemos a Paixão do Filho. Ouvindo o Filho entramos na nuvem da presença de Deus. O Pai sabe amar o Filho e lhe dá a participação de sua glória que passa pela sua Paixão.

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