Evangelho segundo S. Mateus 17,22-27.
Naquele
tempo, estando ainda Jesus e os discípulos na Galileia, disse-lhes Jesus: «O
Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos homens, que hão de matá-l’O;
mas Ele ao terceiro dia ressuscitará». Os discípulos ficaram profundamente
consternados. Quando chegaram a Cafarnaum, os cobradores das didracmas
aproximaram-se de Pedro e perguntaram-lhe: «O vosso Mestre não paga a
didracma?». Pedro respondeu-lhes: «Paga, sim». Quando chegou a casa, Jesus
antecipou-Se e disse-lhe: «Simão, que te parece? De quem recebem os reis da
terra impostos ou tributos? Dos filhos ou dos estranhos?». E como ele
respondesse que era dos estranhos, Jesus disse-lhe: «Então os filhos estão
isentos. Mas para não os escandalizarmos, vai ao mar e deita o anzol. Apanha
o primeiro peixe que morder a isca, abre-lhe a boca e encontrarás um estáter.
Pega nele e paga-lhes o imposto por Mim e por ti».
Tradução
litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Ambrósio
(c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Comentário ao Salmo 48, 14-15
(trad. Breviário, Ofício de Leitura sábado da XX semana, rev.)
Como pode ainda um homem considerar o
próprio sangue preço suficiente para a sua redenção, depois de Cristo ter
derramado o seu sangue pela redenção de todos? Haverá alguém cujo sangue se
possa comparar ao de Cristo [...], Ele que pelo seu sangue reconciliou o mundo
com Deus? Que vítima melhor poderá haver? Que sacrifício poderá ser mais
precioso? Que advogado poderá ser mais eficaz do que Aquele que Se tornou
propiciação pelos pecados de todos os homens e deu a sua vida como redenção por
todos nós?
O que se exige, portanto, não é a propiciação ou o resgate
que pode oferecer cada um de nós, porque o preço de todos é o sangue de Cristo,
pelo qual o Senhor Jesus nos remiu e reconciliou com o Pai; e levou com afã o
seu labor até ao fim, tomando sobre Si a nossa própria fadiga. Por isso nos diz:
«Vinde a Mim, todos vós que andais sobrecarregados e oprimidos, e Eu vos
aliviarei» (Mt 11,28). [...] Com efeito, nem o homem pode dar seja o que for em
expiação pela sua redenção uma vez que ficou livre do pecado de uma vez por
todas pelo sangue de Cristo, nem o homem é por isso mesmo dispensado do
sofrimento que possa suportar na observância dos preceitos de vida eterna e em
quaisquer esforços para não se desviar dos mandamentos do Senhor. Enquanto
viver, será com o seu afã que a sua perseverança deverá contar para alcançar a
vida eterna, sob pena de voltar à morte quem já estava salvo das garras da
morte.
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