sábado, 15 de outubro de 2016

UM CORAÇÃO NOVO PARA O NOSSO VIGÁRIO

PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa
Venerável-Padre Pelágio CSsR
Fazia mais de trinta anos que P. Manoel pastoreava uma paróquia do interior. Batizou e casou todo aquele povo. Tornou-se o pai, o compadre, o amigo e o irmão de todos. Era o "nosso padre" como diziam. Mas a idade foi pesando em seus ombros. O coração começou a baquear. Os fiéis começaram a se preocupar. A conselho deles, reuniu todas as forças e foi ao médico. O doutor auscultou-lhe o coração, aplicou os aparelhos, fez uma série de exames, mas o diagnóstico era sempre o mesmo: O coração batia descompassadamente, estava fraco e cansado. Por fim, disse-lhe: 
- Senhor padre, seu coração está fraco. Mas existe uma esperança. É o transplante. Se houver alguém que possa doar o coração, o senhor terá mais alguns anos de vida.
P. Manoel voltou animado. Na missa de domingo informou o povo sobre seu estado de saúde. Muitos começaram a chorar. Mas quando ele apresentou a proposta salvadora do médico de se fazer o transplante, todos se animaram. Aproveitando o entusiasmo dos fiéis que enchiam a igreja, arriscou uma pergunta: 
- Então... quem de vocês quer doar o próprio coração ao seu vigário?
Uma floresta de braços e mãos ergueu-se para o alto. P. Manoel se comoveu. O coração quase disparou de vez. Após se acalmar: 
- Estou emocionado diante de tanta disponibilidade. Mas basta-me um só coração. Proponho fazer um sorteio... O sacristão vai subir na tribuna da igreja e soltar uma pena de passarinho lá do alto. Sobre quem pousar a peninha, este será o feliz doador do coração ao vigário. Todos de acordo? 
Não era mais possível voltar atrás. Todos concordaram. A expectativa era geral. A peninha, atirada lá do alto, foi caindo aos balanços. Todos olhavam para ela, acompanhando seus galeios. Quando estava para pousar sobre a cabeça de um rapaz, este deu-lhe um sopro tão forte, que ganhou altura novamente. A peninha voltou a cair mansamente. Estava quase atingindo a cabeça de uma mulher, mas novo sopro projetou-a para o alto. E assim a peninha subia e descia, sempre repelida pelo sopro dos que seriam atingidos por ela. 
Nossa lição: A mensagem é evidente: No momento do entusiasmo é fácil prometer mundos e fundos. Mas na hora de assumir ou de "pegar o boi pelo chifre", tiramos o corpo e vamos saindo de fininho...
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