PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1777. Amar é
tornar-se amável
Para falar de amor é preciso
saber amar. Há uma grande distância entre o discurso sobre o amor e a verdade
do amor. Os gestos do amor são expressões do amor. Por exemplo: Cristo na cruz
é uma expressão ao demonstrar como se ama. “Ele nos amou até o extremo do amor”
(Jo
13,1).
Papa Francisco, em sua exortação apostólica “Amoris Laetitia – Alegria do
Amor”, reflete sobre as qualidades do amor. Entre elas ensina a amabilidade
como uma característica fundamental. O amor não age rudemente. Não é possível
amar e ser grosseiro. “Seus modos, suas palavras e seus gestos são agradáveis.
Não são ásperos nem rígidos... A cortesia é uma escola de sensibilidade e
altruísmo” (AL 99). Ser cordial não é um jeito
pessoal de alguns. Faz parte do amor, por isso ‘todo o ser humano está obrigado
a ser afável com aqueles que o rodeiam’ (Idem). O amor, por
ser total, atinge a pessoa toda em todas suas manifestações. É impossível amar
se esse amor não é total. Desse modo é amar a si mesmo porque impõe limites ao
amor. Quando um casamento termina, ouvimos: ‘quebrou o cristal’. Talvez nunca tenha
existido amor. Amor não é gostar de alguém para si, mas gostar de alguém em tudo
que há em si. É um ideal que se busca sempre mesmo em meio às dificuldades. Francisco
conclui: “Diariamente entrar na vida do outro, mesmo quando faz parte da nossa
existência, exige a delicadeza de uma atitude não invasiva, que provoca a
confiança e o respeito... E quanto mais íntimo e mais profundo for o amor,
tanto mais exigirá o respeito pela liberdade e a capacidade de esperar que o
outro abra a porta do seu coração”. Some-se que cada um tem seu tempo.
1778. Sair de si
O olhar amável respeita o limite do outro.
“Quem é antissocial pensa que os outros existem para satisfazer suas
necessidades e, quando o fazem estão cumprindo seu dever”. Quem ama sai de si
para reconhecer, incentivar, reconfortar, fortalecer estimular o outro.
Lembramos o exemplo do pai que vai ao jogo de futebol do filho pequeno e torce
com entusiasmo. Jesus agia assim: “Coragem, filho, teus pecados estão
perdoados” (Mt 9,2). Para amar é preciso sair de si,
como diz Paulo: “Não cuide somente do que é seu, mas também do que é dos outros”
(Fl
2,4).
S. Tomás diz: “é próprio da caridade, do amor, mais amar do que ser amado” (S.Th
II-II, q 27, Art 1).
O fato de ter muito amor, não tem necessidade de procurar amor, mas sim levar
amor. Não tem necessidade de ficar esperando recompensa (Lc
6,35),
pois já tem muito, chegando mesmo a entregar a vida, sobretudo nas pequenas
coisas do dia a dia. E também ser capaz de dar a vida pelos outros (Jo
15,13).
Foi o que Jesus fez. É seu princípio:
“De graça recebestes, de graça deveis dar” (Mt 10,8).
1779. Coração
sempre calmo
Somos dados à fácil violência
justificando nossa atitude. É a violência que habita em nós. Somos
incontroláveis em nossas reações. Quem domina sobre nós? Há uma grande agressividade
guardada dentro de nós. Ela não pode estar em nossas atitudes no relacionamento
com os outros. Por que as coisas têm que ser assim, se podem ser de outro modo?
O Papa Francisco lembra as palavras: “Não te deixes vencer pelo mal” (Rm
12,21).
Ele é o exemplo da reação pacífica: nas violências do mundo diz que temos para
oferecer o amor. Lembra que não devemos terminar o dia sem fazer as pazes. Que
fazer? Um pequeno gesto de amor é suficiente. Quanto aos que nos fazem mal, o
melhor é abençoá-los. É fundamental criar uma cultura de não ofender para não
ter problemas para recuperar a paz. Desfazer uma confusão é mais difícil que
promover o bom entendimento.
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