PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
O
Espírito levou Jesus para o deserto
A celebração da Quaresma é um grande dom de Deus.
Nela vivemos um sacramento extraordinário pelo qual somos preparados para viver
a Páscoa de Jesus. Vivemos a Quaresma com Jesus para que, passando com Ele em
sua Morte, chegarmos com Ele à Ressurreição. Não fazemos sozinhos esse caminho,
mas guiados, como Ele, pelo Espírito Santo. O mesmo Espírito nos introduz neste
caminho espiritual, que está, nesse ano, voltado para a Aliança. Seguiremos as
alianças que Deus fez com seu povo até chegarmos à nova e eterna Aliança, como
Jesus proclama na última ceia (Lc 22,20). As
leituras e símbolos nos conduzem à celebração da Páscoa de Jesus. Nesse
primeiro domingo da Quaresma lemos o evangelho de Marcos que narra a tentação e
o início da pregação de Jesus que convida à conversão. Jesus é sempre guiado
pelo Espírito. A missão de Jesus retoma o caminho do povo de Deus. Passa 40
dias no deserto (Mc 1,13), como os 40 anos
do povo no mesmo deserto. Marcos não escreve as três tentações, mas a grande
tentação de desviar Jesus de sua missão de passar pela morte para a
ressurreição. O povo de Deus foi tentado do mesmo modo no deserto. Caiu muitas
vezes, mas a fidelidade de Deus a sua aliança o sustentou. Na primeira leitura
lemos a aliança de Deus com Noé. Deus se arrependeu de ter feito o homem porque
tendia sempre para o mal. Destruiu a humanidade, mas preservou o Noé (Gn 6 a 10). Terminado o dilúvio, faz aliança
com Noé, prometendo nunca mais destruir a terra por um dilúvio. E coloca seu
arco de guerra no céu (arco-íris) como lembrança da aliança (Gn 9,13.15). É o arco da velha aliança, como
dizemos.
A
arca corresponde ao Batismo.
A
Quaresma é uma longa catequese que nos prepara para a celebração da Páscoa na
qual são realizados os batismos e também a renovação das promessas do batismo dos
que já foram batizados. Os símbolos da liturgia pascal são colhidos na história
do povo de Deus. O dilúvio universal, com os 40 dias de chuva, é símbolo da
purificação realizada no Batismo, sepultando os vícios e fazendo nascer uma
nova humanidade (bênção da água batismal).
As águas imensas são símbolo da força do mal e da morte. Noé é figura de
Cristo. Pedro explica esse símbolo: “A arca corresponde ao Batismo que hoje é
vossa salvação. Pois o batismo é um pedido a Deus para obter uma boa consciência,
em virtude da ressurreição de Jesus Cristo” (1Pd
3,21). Os diversos domingos da Quaresma nos instruem sobre os efeitos do
batismo e nosso compromisso com esta inserção em Cristo. A Campanha da
Fraternidade ajuda-nos a colher um aspecto prático de nossa vida de batizados.
É uma participação na reconciliação que o sacrifício pascal de Cristo em sua
Morte, Ressurreição e glorificação.
Convertei-vos
O
cristão tem uma intenção particular ao início da Quaresma: “Corresponder a
Cristo por uma vida santa” (oração da missa). Por isso é necessária uma conversão permanente.
Vamos conseguí-la através de um caminho de deserto, como Jesus, guiados pelo
Espírito. Temos diante de nós o deserto. O deserto traz também a imagem de um
tempo de intimidade, ternura e encontro com Deus (Jr
2,2). Deserto
é lugar de nos encontramos a nós mesmos. O deserto estará onde o coloco. Para
acontecer a conversão é preciso esforço pessoal de busca de Deus através da
Palavra e da penitência, isto é, vivendo a aliança com Deus. A mortificação não
é um castigo, mas a busca de eliminar nossos males. A Palavra e os símbolos nos
orientam no caminho. Renovemos nossa aliança pela vida que levamos.
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