quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Vou preparar-vos um lugar!”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Edifício espiritual
Há dois tipos de moradia contemplados na liturgia deste domingo: uma é aquela descrita por Pedro que convida a constituirmos um edifício espiritual. A outra casa é aquela que Jesus prepara para nós na casa do Pai. Na moradia da terra, somos tijolos vivos que, com a pedra angular, Jesus, edificamos o edifício espiritual. Nele prestamos o culto a Deus através dos sacrifícios espirituais que é nossa vida unida a Cristo (1Pd 2,4-5). Esse edifício, do qual somos membros, é chamado também Corpo de Cristo. Nele se exercita a caridade, através dos ministérios, como nos relata Lucas com a escolha dos sete diáconos (At 6,1-7). A Igreja é uma instituição viva, feita pessoas que se apoiam em Jesus que é o caminho, a verdade, a vida e a perfeita imagem do Pai. Jesus diz a Filipe: “Quem me viu, viu o Pai... Eu estou no Pai e o Pai em mim” (Jo 14,9). Nós o vemos pelos olhos da fé.
Morada na casa do Pai
Os discípulos temerosos, recebem de Jesus uma consolação: “Não se perturbe o vosso coração: na casa de meu Pai há muitas moradas... vou preparar-vos um lugar” (Jo 14,2). Não se refere aqui que vamos por diversos modos de vida, até chegarmos à morada definitiva. Refere-se a um lugar que Jesus prepara para nós onde veremos o Pai. Jesus diz: “Eu vos levarei comigo para que, onde Eu estiver estejais vós também” (Jo 14,3). Jesus está no seio do Pai. E para ali que conduz os discípulos. Em sua vida terrena, os discípulos são morada do Espírito que revela,  Filho que mostra o Pai e conduz a Ele. Na continuação do diálogo, o apóstolo disse: “Não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” (5). Jesus os acalma: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (6). Na parábola da porta das ovelhas Jesus diz que Ele é a porta (Jo 10,7), quer dizer que não se vai ao Pai, senão por Jesus. Vamos, ensinados por Ele, para conhecer o caminho e vivendo sua vida. Nossa vida cristã tem que aprofundar a consciência dessa nossa habitação em Deus e Deus em nos. Somos muito superficiais. Claro que Deus não é conhecido somente intelectualmente, mas também pelo amor. O conhecimento de Deus, na clareza do Céu, se dará quando aprofundamos nossa fé e nosso amor no amor aos irmãos.
Serviços no edifício espiritual
Para habitar essas duas moradas recebemos a luz do Ressuscitado que é seu Espírito. Ele nos organiza como comunidade de pedras vivas no serviço fraterno da Palavra, da caridade e da oração. Na consciência de pertencer a uma raça eleita, cheios da graça de Deus como nação santa, pertencente a Deus, prestamos o culto como sacerdócio real, para proclamar as maravilhas de Deus. Mas também conduzimos a Igreja na realidade que se apresenta. Pedro, agindo sob a ação do Espírito Santo, compreendeu a situação de discórdia no atendimento aos pobres. Colocou a questão à comunidade que escolheu sete homens de boa fama e cheios do Espírito Santo que cuidariam das necessidades “sociais” da comunidade. A Igreja, Corpo de Cristo, tem muitos membros que, com seus dons, realizam os serviços na caridade. A Igreja tem a Palavra de Deus, mas deve saber também dar passos adiante para responder às atuais necessidades. Isso nos ensina a sagrada Tradição. Tradição não é conservar o passado, mas saber levar adiante a fé que recebemos e dar sua contribuição. Cada época deve pregar o Evangelho na realidade. Pe. Vitor Coelho dizia que a Igreja não é de bronze que enferruja, mas é uma árvore que precisa dos ramos novos para crescer e fortalecer o tronco.

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